Alunos

Conto: Quando a Esperança falhou, quando a Alegria sequer se importou, quando a Tristeza já não bastava, lá surgia a Raiva com a sua injusta justiça

Em meio ao caos, uma doce voz ressoava, em meio às chamas, a repugnância retorcia-se em desespero.

Andriéle Rabello

Escrito por Andriéle do Amaral Rabello

01 JUN 2022 - 14H30 (Atualizada em 02 JUN 2022 - 09H35)

Reprodução

Ah? Uma criança a chamou? Uma criança suplicou por sua ajuda? Ora, injustiçada garotinha... As criaturas também são más com você? Sinto a ardência de seu ódio, nunca te ouviram? Nunca te atenderam? Nunca ligaram para ti? Não é justo, não é mesmo? É por isso que me quer, oh, como poderia negar o desejo de alguém?

O céu jazia rubro, a fumaça enevoava o ambiente, e uma jovem sorria e dançava em meio aos escombros, ora seus cabelos cintilavam avermelhados com as centelhas ora rosados davam-lhe um aspecto tão ingênuo, a cada passo pétalas brotavam do chão, ah! Reconhecia a flor, qual era o nome mesmo? Camélias, camélias brancas tão serenas perdiam a sua paz diante do grito daqueles que a ira da dançarina carmesim alcançava.

Oh, pobre alma, enxergo o seu sofrimento, foram eles, não foram? Então, divirta-me pequena! Entretenha-me e se prove digna de meu presente! Sua apresentação não deve ter fim, não é mesmo? Mesmo que venham, que a destruam, que manchem suas pétalas alvas, continuará? Persistirá por sua fúria? O quão longe irá?

Ah, minha menina... É por isso que eu a acompanharei, a sua glória, a sua queda.

Eu sou sua raiva, eu sou sua ira, eu sou o seu ódio. Faça-os pagar, faça-os sofrer por cada lágrima que derramou, por cada dor que sentiu, pelas pétalas agora escarlate, faça com que paguem, paguem com seu desespero todo o mal que lhe causaram. É o seu espetáculo! Faça do mundo uma floresta flamejante, minha garotinha de cabelos vermelho, minha garotinha de cabelos rosa.

Eles lhe tiraram tudo.

Eles lhe tiraram a vida.

Eles lhe tiraram a infância.


Então, vá, vá minha Camélia Branca.

Realize o seu desejo, o meu desejo.

Sacie a sua vingança, a minha vingança.

Você me chamou.

E eu te atendi.


Você queria ser ouvida.

E eu escutei seu clamor.

É parte de mim.

Assim como eu sou parte de você.

Habita em mim e eu em ti.

Então vá, vá minha Camélia Vermelha.

Queime o mundo com o seu rancor.


 Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.



Escrito por:
Andriéle Rabello
Andriéle do Amaral Rabello

3º ano do Ensino Médio - Colégio Embraer Juarez Wanderley - São José dos Campos.

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