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Bolsa quase neutraliza perdas do dia, aos 102.117,79 pts, com foco em Bolsonaro

Em sessão amplamente positiva no exterior, com o Brent e o Nasdaq em alta de 2%, e o S&P 500 flertando com renovação de máxima histórica, o Ibovespa encontrou catalisador para uma correção, ao final neutralizada, apesar das preocupações quanto à situação fiscal brasileira, desorganizada pelos desembolsos extraordinários relacionados à pandemia e pela perspectiva de que possam se tornar em parte permanentes.

Assim, em dia de vencimento de opções sobre o índice, o Ibovespa fechou perto da estabilidade, em leve baixa de 0,06%, aos 102.117,79 pontos, bem distanciado da mínima do dia, de 100.697,78, no começo da tarde, com máxima a 103.116,11 pontos. O giro financeiro, reforçado pelo dia de vencimento, totalizou R$ 57,1 bilhões, com o índice acumulando agora perda de 0,64% na semana e de 0,77% no mês - em 2020, cede 11,70%.

Sessão negativa começou a ser desenhada ainda na noite anterior, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a saída de dois importantes secretários, Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização), ambos envolvidos em iniciativas estratégicas para a reforma e modernização do Estado acompanhadas pelo mercado, e que não vinham dando sinais de evolução por falta de direção política do Planalto.

A impressão inicial foi a de isolamento de Guedes ante concorrentes perdulários que disputam os ouvidos do presidente Bolsonaro, em meio à "debandada" de interlocutores na Economia afinados com a agenda liberal e reformista. O recado do ministro sobre a aproximação de "zona sombria", de "impeachment", e sobre a inclinação de cada integrante da equipe econômica, de "insistir" ou "desistir", não poderia ter sido mais claro, e ecoou na rede social de Bolsonaro. Pelo Twitter, o presidente respondeu hoje que permanece comprometido com as privatizações e a responsabilidade fiscal.

Às 18h, o presidente Jair Bolsonaro fará uma declaração à imprensa na área externa do Palácio da Alvorada, ao lado dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de ministros. Entre eles, estará presente Paulo Guedes (Economia). A expectativa é por um aceno à união entre poderes e integrantes do governo.

"Houve pressão na curva de juros, com o temor fiscal. Mas há várias questões em aberto, para o lado positivo ou negativo, a serem acompanhadas no curto prazo. A primeira delas é como o Guedes sairá disso, se mais forte ou enfraquecido politicamente, a depender de como manejará a situação, o quão problemática será. A reação imediata, hoje, foi uma correção em dia positivo no exterior, mas, considerando o que correu, o ajuste foi até moderado", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

"Quem saiu, deixou mensagem clara: a correlação de forças dentro do governo não é favorável a este grupo (da modernização do Estado e disciplina fiscal). Mas o mercado continua dando um voto de confiança ao Guedes, de que ele, mais uma vez, será capaz de contornar a situação e prosseguir. Porém, não é apenas com recado (ao governo) que o Guedes vai conseguir mudar esta correlação de forças", observa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura. Ele acrescenta que, refletindo a aversão a risco, a reação negativa do mercado esteve mais concentrada nesta quarta, 12, em juros e dólar do que no Ibovespa, que pôde contar com dia bem positivo em Nova York.

Em desdobramento favorável às contas públicas, que contribuiu para limitar as perdas do Ibovespa em direção ao fim da sessão, a Câmara manteve nesta tarde, a partir de acordo costurado com o governo, o veto presidencial à ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC), proposta com impacto fiscal de R$ 20 bilhões em 2021, de acordo com cálculos do Ministério da Economia. O dispositivo aumentava o limite de renda familiar de um quarto para meio salário mínimo, permitindo na prática que mais pessoas tenham acesso ao pagamento a partir de 2021. Como a Câmara decidiu pela manutenção, o Senado não precisará analisar a medida.

Na B3, o comportamento das ações de commodities, muito correlacionadas aos preços e à demanda externa, tiveram dia positivo, contribuindo para mitigar as perdas do Ibovespa na sessão. No fechamento, Vale ON subia 2,02%, enquanto Petrobras PN e ON mostravam ganhos, respectivamente, de 1,73% e 1,52%. Na ponta do Ibovespa, apareceram ações beneficiadas pelo avanço do dólar na sessão (+0,66%, a R$ 5,4512 no fechamento), como Marfrig (+4,77%), JBS (+2,57%) e Klabin (+2,38%). No lado oposto, Hering apontava perda de 5,95%, à frente de BR Malls (-3,99%) e Gol (-3,85%), que havia estado entre as de melhor desempenho no dia anterior.

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