Laudo da Polícia Federal sobre o sítio de Atibaia (SP), ponto central da investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a 'necessidade' de a empreiteira OAS criar centro de custo denominado 'zeca pagodinho' em uma das empresas do grupo para cuidar da instalação cozinha gourmet do imóvel. A Operação Lava Jato atribui a propriedade do sítio a Lula, que nega.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que a empreiteira iria montar dois centros de custos. 'Zeca Pagodinho 1' seria referente a despesas ligadas ao sítio. O 'Zeca Pagodinho 2' cuidaria de questões relacionadas ao apartamento tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, que também seria do petista, segundo os investigadores.
O documento separou mensagens trocadas entre o executivo Paulo Gordilho, da OAS, e José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, também da empreiteira "sobre a reforma da cozinha em Atibaia e a necessidade de criar um centro de custos na contabilidade da OAS Investimentos, bem como a origem da mão de obra, proveniente da OAS de Salvador".
Um trecho da conversa destacado pela Polícia Federal aponta. "Ok. Vamos começar qdo. Vamos abrir 2 centro de custos: 1º zeca pagodinho (sítio) 2° zeca pagodinho (Praia)."
Em outro momento, Paulo Gordilho diz a Léo Pinheiro. "Dr Léo Fernando Bittar aprovou junto Dama os projetos tanto de Guarujá como do sítio. Só cozinha kitchens completa pediram 149 mil ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem. isto mesmo?"
'Dama' seria uma referência à ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher de Lula.
A cozinha gourmet do sítio de Atibaia custou R$ 252 mil, informa laudo da Polícia Federal anexado aos autos da Operação Lava Jato. Os equipamentos foram instalados em 2014. A execução da obra, diz o documento, "foi acompanhada por arquiteto da empreiteira OAS, sr. Paulo Gordilho, e, segundo suas comunicações, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa".
"Importante destacar que reforma executada na cozinha não exigia nenhuma mão de obra altamente qualificada que justificasse vinda de uma equipe específica de Salvador, ainda mais considerando proximidade de Atibaia/SP São Paulo/SP. Esse deslocamento de uma equipe de profissionais notadamente dispendioso e pouco produtivo, carecendo de justificativa técnica e econômica para tanto", afirma o documento.
O laudo destaca ainda na comunicação entre Léo Pinheiro e Paulo Gordilho "que Fernando Bittar teria obtido autorização junto 'dama' para aprovação do projeto".
"Os peritos apontam para evidências substanciais que cozinha gourmet foi reformada e instalada entre o período aproximado de março e junho de 2014, tendo sido acompanhada por arquiteto da OAS, sob comando de Léo Pinheiro e, segundo consta nas comunicações do arquiteto da Construtora, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa", diz o laudo.
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