Saúde

Primeira detecção de microplásticos no cérebro humano levanta preocupações sobre saúde

Estudo da USP revela a presença de partículas de plástico no cérebro, com polipropileno sendo o tipo mais comum encontrado.

Escrito por Meon

03 OUT 2024 - 19H35

Meon

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, em colaboração com a Universidade Livre de Berlim e o Laboratório Nacional de Luz Synchrotron, descobriram microplásticos no cérebro humano pela primeira vez. A pesquisa, que analisou o cérebro de 15 pessoas falecidas em São Paulo, identificou resíduos de plástico em oito delas, mesmo sem histórico de contato com a indústria de plásticos. O polipropileno, amplamente utilizado em roupas, embalagens e garrafas, foi o tipo mais frequentemente encontrado.

As partículas de microplástico detectadas são fragmentos menores que 5 milímetros, originados de processos de decomposição, e variam de 5,5 a 26,4 nanômetros. Já foram encontrados em órgãos como pulmões, sistema reprodutivo e corrente sanguínea. A presença desses resíduos no cérebro é alarmante, dado que o órgão é protegido pela barreira hematoencefálica, que regula a passagem de substâncias para o sistema nervoso central.

O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), sugere a via olfativa como uma possível rota de entrada dos microplásticos, com fragmentos detectados no bulbo olfatório. A pesquisa também destaca a necessidade de mais investigações sobre a capacidade dos microplásticos de ultrapassarem essa barreira.

Embora já existam estudos que associam a presença de microplásticos a riscos à saúde, como aumento de problemas cardíacos e distúrbios endócrinos, ainda não há evidências definitivas sobre seus efeitos no sistema nervoso. Pesquisas preliminares em animais indicam que esses materiais podem ser neurotóxicos, afetando o comportamento e causando lesões celulares.

As partículas não são degradáveis pelo organismo, o que pode levar ao acúmulo ao longo do tempo e comprometer a saúde, especialmente em crianças em fase de desenvolvimento. A professora Thais Mauad enfatiza a importância de proteger o desenvolvimento infantil diante dos riscos potenciais associados à exposição a microplásticos.

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Por Meon, em Saúde

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