EDIÇÃO 17

Entrevista com Ferreira Leite para coluna social Willian Roggles 

Pergunta 1: Como você enxerga a política neste novo governo? Quais são suas expectativas e preocupações em relação às decisões políticas tomadas até agora?

Vivemos inegavelmente, e isso já faz algum tempo, períodos subsequentes de instabilidade política. Entendo que o Brasil desde sempre sofre de vulnerabilidade moral crônica e o país precisa amadurecer, crescer como povo. A história nos mostra civilizações que mudaram e evoluíram, quase sempre à custa de muito sofrimento de sua gente. Espero que sejamos poupados disso. Minha preocupação é que continuamos sendo incompetentes para escolher nossos comandantes, talvez porque o país padeça pela falta de líderes natos.

Pergunta 2: Se você fosse presidente do Brasil, o que faria de diferente em relação aos governantes anteriores? Quais seriam suas principais prioridades e propostas?

Não seria eu a atirar a primeira pedra, até porque ninguém governa sozinho. E como confiar e se assegurar de que seus pares comungam de seus mesmos conceitos? Muitos se vendem por pouco, falta idealismo e consciência coletiva. Muitos veem apenas a si mesmos e aos seus. Prioridade? Cultura, conhecimento, estímulo à sabedoria. O conhecimento traz a luz, a transparência. A ignorância, na qual os poderes apostam muito hoje, aprisiona e escraviza.

Pergunta 3: Quando você percebeu sua vocação para a rádio? O que motivou você a seguir essa carreira e como ela se diferencia da sua experiência na televisão?

Na adolescência meu foco era música, escrevia, participava de festivais, fui vocalista de grupo musical, fazia teatro, enfim... O rádio surgiu por acaso, acompanhei um amigo narrador esportivo numa cabine no estádio Martins Pereira e, numa emergência, substituí um comentarista que, por algum motivo, não apareceu e nunca mais parei. É aquilo de estar no lugar certo, na hora certa. Foram anos de rádio, em diversos prefixos, trabalhando com entretenimento, esporte e política, comentando e reportando. A experiência com TV, ancorando e produzindo, me mostrou um outro lado da mídia, acrescentou conhecimento e moldou meu atual jeito de atuar.

Pergunta 4: Entre rádio e televisão, qual é a sua paixão? Como você descreveria a diferença entre trabalhar nos dois meios de comunicação?

Não apenas eu, mas a própria TV no mundo todo vem adotando a linguagem do rádio, comunicação direta, interagindo com o público. Essa comunicação direta domina em todas as mídias, incluindo a virtual. E nesse acasalamento tecnológico, com a fusão de imagem e áudio, que os dispositivos e aplicativos nos possibilitam, a TV e o rádio se fundiram num só. Hoje, na Rádio e TV, convivo com isso todos os dias. Se eu falar no estúdio sem um monitor de imagens fico completamente deslocado.

Pergunta 5: Quais são os cinco políticos no Vale do Paraíba que você destaca e admira? O que eles têm em comum ou o que os diferencia dos demais?

Pulo essa (risos). Não por comodismo político ou para fazer média, mas porque é difícil pontuar, os políticos não respondem por si mesmos. Enquanto os mandatos pertencerem aos partidos, fica difícil você saber que rumo tomará um mandato. Posso apostar no ideal e integridade de um político – e há gente qualificada, acredite - porém, somente uma reforma política, que já tarda, poderia alinhar as coisas e estimular pessoas boas a entrarem para a política, com a certeza de que suas convicções serão respeitadas.

Pergunta 6: Como você tem cuidado da sua saúde? Quais hábitos e práticas adota para manter um estilo de vida saudável?

Tenho uma vida agitada e preenchida. Hoje, o objetivo é frear um pouco, deter o ritmo e estabelecer regras para garantir o mínimo de qualidade de vida. O ruim de se fazer o que gosta é que o fardo do trabalho só é percebido quando o comprometimento do seu tempo chega ao ápice... Sinal de alerta sempre!

Pergunta 7: Em seu programa, você já fez perguntas inusitadas que deixaram algum convidado irritado ou enfurecido? Poderia compartilhar alguma dessas situações e como você lidou com elas?

Foi-se o tempo em que eu me moldurava para entrevistar alguém. A adoção de um jeito despojado, leve e intimista nos faz quebrar barreiras. Não são poucos aqueles que me evitam. Não uso pauta, prefiro ser intuitivo e imaginário. Aí, imagine você, até eu me surpreendo. O bom do improviso é que torna a entrevista sempre imprevisível e tira você e o entrevistado de dentro da caixa. Uma prefeita da região, certa vez, criticou o fato do presidente Lula não ter curso superior. Eu complementei lembrando que banco de faculdade traz o conhecimento, porém não molda o caráter de ninguém. Ela nunca mais me concedeu entrevista. Também, nunca mais se elegeu.

Pergunta 8: Você se considera uma figura polêmica? Como lida com as críticas e controvérsias que podem surgir em relação ao seu trabalho?

Crítica dói e incomoda, por isso sei que também dói quem recebe as minhas. Porém, nunca faço críticas de cunho pessoal, apenas aponto a figura institucional da pessoa pública. Posso apontar incapacidade ou incompetência administrativa, acusações e denúncias devem ser discutidas no âmbito judicial, não é comigo. Se não gostam do meu jeito de atuar no rádio ou TV, indico o concorrente sem o menor problema. Temos boas opções a serem ouvidas.

Pergunta 9: Qual é a sua vaidade? Existe algo em particular que você valoriza em si mesmo e que faz questão de manter ou cultivar?

Vaidade para que? Meu orgulho é não me envolver em tramoias, procurar sempre a correção, o respeito às pessoas, aos colegas. Não tenho apego material ou ostento qualquer coisa. Sou simples. A vida é simples, não se deve complicar. Gosto de ter amigo, adoro colecionar amigos...

Pergunta 10: A música é uma parte importante dos seus programas. Quem você acha que cantou bem em alguma de suas entrevistas ou programas? E você, tem algum gosto musical específico ou gosta de cantar?

Ouço tudo. Preconceito musical zero. Já compus, já produzi, fui vocalista de grupos musicais, por isso incentivo demais qualquer tipo de arte. Sempre gostei de somar, abrir portas, incentivar novos talentos. O rádio me possibilitou conhecer muitos artistas, celebridades, alguns se tornaram bem próximos. Alguns, como Moacyr Franco, já eram meus ídolos desde sempre.

Pergunta bônus: Atualmente, você está apaixonado? Como você enxerga o amor e as relações pessoais em sua vida?

A paixão recicla, ela inspira, impulsiona, estimula. Paixão, sempre, amor sempre mais e mais. A escala do fogo da paixão; a exaltação ao amor; e a cumplicidade sublime garantem a serenidade de uma caminhada por todos os seus dias.