Por Meon Em RMVale

Após 50 anos, São José dos Campos vai deixar de ser a sede da Embraer

Acordo com a Boeing prevê transferência da planta para a nova joint venture

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A Embraer foi criada em agosto de 1969 em São José dos Campos

Arquivo/Meon

Após 50 anos, São José dos Campos deixará de ser a sede da Embraer a partir do próximo ano, quando a fabricante brasileira ceder o espaço para a joint venture que será criada com a Boeing. A companhia norte-americana ficará com 80% da nova empresa, que ficará sediada no Brasil.

A Boeing e Embraer divulgaram nesta quinta-feira (5) intenção de criar uma joint venture para a área comercial, que foi avaliada em 4,75 bilhões de dólares.

A joint venture na aviação comercial ficará com as unidades Faria Lima (sede da Embraer), a EDE (Eleb), o centro logístico de Taubaté, a fábrica de Évora (Portugal) e planta de Nashville (EUA). A nova empresa será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, que responderá diretamente ao Dennis Muilenburg, presidente mundial da  Boeing, e será  totalmente integrada à cadeia geral de produção e fornecimento da companhia norte-americana.

A Embraer ficará com as unidades de Gavião Peixoto, Botucatu, Eugênio de Melo, OGMA e Melbourne ficam com “certeza”, segundo o comunicado, com a Embraer. As demais unidades e escritórios, ainda estão em definição.

A empresa que nasceu em São José em agosto de 1969 continuará existindo no Brasil e no mundo, atuando nos  mercados de defesa e segurança, aviação executiva, aviação agrícola e serviços e suporte correlatos, além da participação na joint venture da  aviação comercial. 

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Imagem: Reprodução Comunicado da Embraer

Com relação aos trabalhadores, a Embraer e Boeing ainda não definiram os detalhes. 


“De forma geral os funcionários hoje dedicados 100% às atividades ligadas à aviação comercial, incluindo equipe de suporte e serviços, irão para a nova empresa. Para as equipes dedicadas à Defesa e Segurança, Aviação Executiva, Aviação Agrícola e serviços e suporte correlatos, nada muda. O mesmo se aplica às empresas coligadas e subsidiárias”, disse o CEO da Embraer, Paulo Cesar, em comunicado interno distribuído aos funcionários nesta quinta-feira.

A Embraer foi criada em agosto de 1969 em São José dos Campos, a partir de uma iniciativa do governo brasileiro. O engenheiro Ozires Silva, cofundador da empresa, ocupou a presidência da Embraer de 1969 até 1986. Em dezembro de 1994, a empresa foi privatizada.

O Meon contatou o prefeito de São José, Felicio Ramuth, e o coronel Ozires Silva, mas ambos preferiram não comentar o acordo.


Protesto

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos prepara ações para tentar impedir a venda da Embraer para a companhia norte-americana.

“A joint venture entre Embraer e Boeing não é um negócio qualquer. A empresa brasileira é a terceira maior exportadora do Brasil. Está atrás apenas da Vale e Petrobras. Trata-se do único setor de tecnologia intensa que possui superávit na balança comercial brasileira. O governo federal, detentor da ação golden share, tem a obrigação de vetar a negociação", diz o sindicato no comunicado.

Para o sindicato, o setor de defesa também estaria ameaçado com o acordo. “A defesa também ficará nas mãos da norte-americana Boeing por meio de outra joint venture. O Governo Federal e o Congresso Nacional têm o papel de defender os interesses do Brasil e, portanto, não podem ser coniventes com esse crime de lesa-pátria”, diz a entidade. 

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