O técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, morreu nesta segunda-feira, aos 63 anos, vítima de câncer, deixando o futebol brasileiro de luto. Em 1992, quando ganhou projeção no Mogi Mirim com o histórico Carrossel Caipira, foi adversário do São José em uma partida marcante para o treinador joseense da época, José de Assis Aragão.
O Campeonato Paulista da Série A-2 foi a segunda competição do São José na temporada. Antes, pelo Brasileiro da Série B, o time lamentava a quarta colocação no Grupo B, formado por 10 times e que promoveu os três melhores (Grêmio, Paraná Clube e América Mineiro) ao Brasileirão 93.
Com alguns remanescentes da campanha nacional, o São José partiu para o estadual com o mesmo técnico. No entanto, Aragão já estava prestigiado, porque o diretor de futebol Diede Lameiro queria dispensá-lo depois da perda do acesso no Brasileiro e o presidente Pedro Yves considerou que uma nova oportunidade deveria ser dada.
Pela 11ª rodada, o São José foi visitar o Mogi Mirim que já estava consagrado como a grande revelação do campeonato. Um time que atropelava os adversários com um futebol envolvente e lembrava a seleção da Holanda na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.
Sustentados por uma sincronizada linha de três zagueiros (Luiz Carlos, Ildo e Capone), os demais jogadores se deslocavam constantemente. Os alas (Polaco e Ademilson) alternavam descidas por dentro e por fora, bem acompanhados pelos volantes (Luís Simplício e Chiquinho). Na frente, o trio que veio do Nordeste (Válber, Rivaldo e Leto) aterrorizava os defensores adversários.
O técnico Vadão em passagem recente pela Seleção Brasileira feminina
Surpresa
No dia 29 de agosto, um domingo, às 15h30, o São José foi a Mogi Mirim credenciado como mais uma vítima do Carrossel Caipira. Na preliminar de aspirantes, pelo campeonato da categoria, o time da casa goleou por 4 a 0 e deixou os 5.726 torcedores esperando outro massacre no jogo de fundo.
O técnico Aragão, respeitando o excelente momento do adversário, armou o São José com oito jogadores de marcação e uma surpresa na linha de defesa. Colocando dois laterais pela esquerda (Cido e Joãozinho) e três volantes (Celso Gomes, Jerson e Bolé), manteve os dois zagueiros na área (Tonhão e Sérgio Mendes) e o lateral-direito (Marcelo) apoiado para sair com bola dominada. Na frente, um experiente atacante de área (Rached) e um outro (Silva) de movimentação constante. Assim, o goleiro (Marcão) pôde atuar tranquilo e concentrado nos momentos de intervenção.
O placar de 0 a 0 foi aberto somente aos 24 minutos do segundo tempo e com os joseenses protestando contra uma decisão do árbitro Oscar Roberto Godói. Em uma falta pela meia esquerda e de média distância, Rivaldo chutou forte e a bola explodiu na barreira que estava um passo fora da grande área. Todavia, Godói viu mão de Cido na bola e marcou uma nova falta, bem mais perigosa. Rivaldo foi novamente o cobrador e, com um chute forte e rasteiro, acertou o canto esquerdo, além do alcance do goleiro.
Aliviados com o gol, time e torcedores do Mogi Mirim acharam que o jogo estava resolvido. No entanto, ao substituir Celso Gomes e Marcelo pelo meia Sandro Fonseca e o ponteiro-direito Paulinho Fominha, o técnico Aragão deu força ofensiva ao São José para buscar o empate. Aos 34 minutos, Rached cobrou um pênalti, o goleiro Beto defendeu e o próprio atacante colocou o rebote para dentro.
O Mogi Mirim tentou mudar o placar de 1 a 1, mas não conseguiu. Foi vencer o São José somente no reencontro do segundo turno, por 1 a 0, em São José dos Campos e com o time joseense praticamente já sem chances de classificação.
Os times
No estádio que ainda tinha o nome original de Vaíl Chaves, as duas equipes estiveram assim:
São José: Marcão; Marcelo (Paulinho Fominha), Tonhão, Sérgio Mendes e Cido; Celso Gomes (Sandro Fonseca), Joãozinho, Jerson e Bolé; Rached e Silva. O goleiro Charles, o volante Assis e o ponteiro-esquerdo Piti permaneceram no banco.
O Mogi Mirim: Beto; Luiz Carlos (Marcão), Ildo e Capone; Polaco (Alexandre), Luís Simplício, Chiquinho, Válber e Ademilson; Leto e Rivaldo.
Os assistentes do árbitro Oscar Roberto Godói foram Wagner Selani da Silva e Olamiro Euflauzinho.
O Mogi Mirim que ficou conhecido como Carrossel Caipira
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