Alunos

O filtro amarelo na cinematografia

O recurso é apenas estético ou agrava estereótipos?

Carolina Quadros (Arquivo Pessoal )

Escrito por Carolina Quadros Motta Bastos

07 MAI 2021 - 15H12 (Atualizada em 07 MAI 2021 - 15H31)

Foto: Reprodução

Você já assistiu algum filme estadunidense que se passa em lugares como o sudeste da Ásia, a África, a América Latina? Se sim, provavelmente já notou como as cores ficam bem mais amareladas, como se houvesse um efeito aplicado sobre toda a filmagem. Esse efeito é um recurso recorrente na cinematografia americana, e é chamado, simplesmente, de filtro amarelo.

Em 2020, o serviço de streaming Netflix lançou o filme Resgate, que promoveu uma discussão entre internautas após a postagem de um tweet pela produtora (https://twitter.com/NetflixFilm/status/1252070903359303680). O vídeo mostra o “behind the scenes” e o produto final de uma das cenas de perseguição do filme, filmado em Bangladesh. Entre outros aspectos, é perceptível a diferença entre a coloração real e a coloração alterada do longa, principalmente no céu, que antes era azul mas se encontra em um tom amarelado. O recurso também foi muito recorrente na série televisiva Breaking Bad, para diferenciar as cenas que se passavam nos Estados Unidos das cenas que se passavam no México.

Esses tons amarelos são, frequentemente, usados para representar lugares com um clima quente e seco, mas o que também alcançam é a sensação de pobreza e sujeira. O filtro, acompanhado da trama desses filmes - que geralmente envolvem guerras, drogas e gangues -, acaba por representar muitas localidades no mundo como primitivas, poluídas, vítimas de uma constante violência e depravadas de beleza. O filtro apresenta esses lugares como países de terceiro mundo, sem uma preocupação em representar a natureza, a cultura, e a diversidade do local.

Por outro lado, a coloração oposta do amarelo na teoria das cores, o azul, representa sociedades futuristas, progressivas, vibrantes. Produções como O Lobo de Wall Street são tingidas neste tom para destacar a riqueza e modernidade. Hollywood também aplica a alguns filmes, como Red Sparrow, que se passa na Europa Ocidental, tons acinzentados - uma estética que pinta um ar de tristeza e atraso, como se o Sol nunca brilhasse.

Embora o recurso das cores sejam, sem dúvida, uma importante ferramenta de uma produção cinematográfica - transmitindo emoções e sensações, trazendo o espectador para dentro do ambiente -, seu uso irresponsável empurra estereótipos. Esses filmes, em sua maioria norte-americanos, são muitas vezes o primeiro contato que as pessoas têm com o mundo exterior e com os países representados, e em vez de enriquecer o espectador e influenciá-lo positivamente sobre o local, eles reforçam as pré-noções já existentes. O filtro amarelo, então, além de desagradável aos olhos, é prejudicial à imagem de diversos lugares do globo, e precisa ser deixado de lado.

Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Meon Jovem. 

Escrito por
Carolina Quadros (Arquivo Pessoal )
Carolina Quadros Motta Bastos

Aluna do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Embraer - Juarez Wanderley, em São José dos Campos

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