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Covas concentra poder em 'supersecretarias' e prepara distribuição de subprefeituras a aliados

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Reeleito, agora como cabeça de chapa, Bruno Covas (PSDB) mexe as peças para dar sua cara à gestão e também contentar a ampla base de apoiadores que o ajudou na campanha.

Na virada do ano, Covas concentrou poder em pastas chefiadas por políticos de seu núcleo-duro, criando supersecretarias nas áreas de governo e urbanismo.

Por outro lado, o prefeito já lida com insatisfações na base aliada, que se vê preterida em meio à nomeação de muitos nomes de sua cota pessoal. Para contentar vereadores e garantir maioria na aprovação de projetos, o governo prepara uma ampla reforma que deve envolver boa parte das subprefeituras e talvez trocas em secretarias. Nomes ventilados, porém, desagradaram vereadores.

Na nova gestão de Covas, Rubens Rizek (Governo) e César Azevedo (Urbanismo), ambos com um histórico de trabalho com o tucano há anos, se destacam como membros do núcleo do prefeito que mais ganharam poder.

Rizek já era o homem-forte de Covas e ganhou mais atribuições. Já Azevedo ascendeu para uma das pastas mais importantes da gestão, com a junção entre as secretarias de Licenciamento e Urbanismo

Advogado, César Azevedo era secretário de Licenciamento e agora também acumula o posto que era do arquiteto Fernando Chucre. Ele assume a pasta em momento crucial, sob responsabilidade de fazer a revisão do Plano Diretor (legislação que regula o crescimento da cidade).

Azevedo vem trabalhando de maneira muito próxima a Covas desde a gestão passada. Ele foi chefe de gabinete do tucano em 2017, enquanto Covas, além de vice-prefeito, era secretário Municipal de Prefeituras Regionais. Depois, acompanhou Covas quando ele assumiu a titularidade da Casa Civil e o cargo de prefeito, também como chefe de gabinete.

O nome de confiança do prefeito terá de lidar com as demandas mercado imobiliário -que viu em Covas seu candidato favorito e o contemplou com mais doações- para alterar o projeto aprovado na gestão de Fernando Haddad (PT).

Ao mesmo tempo, sofrerá forte pressão de urbanistas e movimentos sociais, que criticam uma eventual desfiguração do plano. A flexibilização de proibições de vagas de garagem, construção de prédios altos nos miolos dos bairros e a diminuição de taxas de construção são grandes cobranças do mercado e, ao mesmo tempo, criticadas por muitos especialistas.

A pasta de Urbanismo avançou também sobre áreas comandadas por aliados de outras siglas. Agora, ela realizará as obras bilionárias nas áreas de operações urbanas, absorvendo parte do poder da pasta de Obras, sob influência do MDB do vice-prefeito Ricardo Nunes.

A aprovação de alguns tipos de projetos, antes feita pelas subprefeituras, também foi redirecionada para a pasta de Urbanismo, segundo funcionários destes órgãos.

Rubens Rizek, que já era o homem-forte de Covas na última gestão, ganhou ainda mais poder no novo mandato do tucano, com a fusão com da Secretaria de Governo com a de Gestão (extinta, que cuidava, entre outros assuntos, do funcionalismo).

Rizek é velho conhecido da família Covas. No início dos anos 2000, ele foi superintendente da Fundação Mario Covas. Também foi adjunto de Covas no período em que ele foi secretário estadual do Meio Ambiente, durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).

Na nova configuração, Rizek terá sob seu comando cinco secretarias executivas, incluindo as que cuidam de planos estratégicos, mudanças climáticas e desestatizações, uma das grandes bandeiras do tucanato.

A pasta também terá sob seu guarda-chuva uma agência recém-criada, a Spin (São Paulo Investimentos e Negócios). Ela surge a partir da remodelação da SP Negócios e da extinção da Fundação Paulistana e Agência São Paulo para Desenvolvimento.

Entre as pastas sob controle de legendas aliadas, estão a Secretaria Municipal de Transportes, área de influência do vereador Milton Leite (DEM), presidente da Câmara e aliado de peso do tucanato paulista; e a de Esportes, ligada ao Podemos.

Uma troca geral dos subprefeitos é aguardada para acalmar os ânimos dos aliados ainda não contemplados. Tradicionalmente, essas vagas são indicadas por vereadores.

Na atual gestão, porém, ainda não foi feita a reconfiguração para contemplar a nova correlação de forças na bancada de Covas.

Entre vereadores, circula a informação que 24 das 32 subprefeituras seriam indicadas por políticos da Casa, e as demais seriam da cota pessoal de Covas.

Uma lista que passa de mão em mão entre vereadores com 11 nomes prováveis já gerou insatisfação na base. Um dos nomes que desagradou é o do ex-comandante da PM, coronel Salles (PSD), que citou em rede social convite do prefeito para assumir o cargo de subprefeito da Sé.

Vereadores dizem haver descontentamento com a nomeação do que apelidaram de "menudos do Covas" (em alusão à boy band portorriquenha dos anos 80 que fez sucesso no Brasil): sem trânsito pela Câmara, não garantem votos aos projetos.

A insatisfação se soma a queixas como a não aprovação dos projetos dos vereadores em segunda votação --o que, segundo eles, comprometeria a chance de o governo conseguir maioria na Casa.

As trocas podem envolver não só as subprefeituras como algumas pastas. Segundo vereadores, o Republicanos, de Celso Russomanno, que apoiou Covas no segundo turno, por exemplo, busca conseguir novamente a Secretaria de Habitação

A pasta é ocupada hoje por Orlando Farias, outro nomepróximo ao prefeito, que já ocupou diversas secretarias em sua gestão. Já o PV estaria almejando a pasta do Verde e Meio Ambiente, hoje com o PL.

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