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Obra que desabou em Aracaju era tocada sem engenheiro

A obra do prédio que desabou no sábado, 19, em Aracaju, soterrando uma família de quatro pessoas e matando o bebê de 11 meses do casal, era tocada sem o acompanhamento de um engenheiro e havia um pavimento a mais - quatro, em vez de três - do que a estrutura suportava. As informações são de representantes do Conselho Regional de Engenharia de Sergipe (Crea-SE), que estiveram nesta segunda-feira, 21, com o Corpo de Bombeiros, no local onde o prédio desabou.

O presidente do Crea-SE, Jorge Silveira, montou uma equipe de profissionais que continuará a investigação sobre as causas do desabamento. Além de apurar se os projetos estavam compatíveis com o que era executado, o grupo vai avaliar se prédios próximos foram afetados pelo desabamento.

Ontem, a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP-SE) designou o delegado Valter Simas para investigar quem são os responsáveis pela queda do edifício, no bairro de Coroa do Meio, zona sul da capital.

O delegado fez uma vistoria no local ontem de manhã, em companhia de um perito criminal, e se reuniu com o Crea. Simas disse que vai interrogar o dono do imóvel - que até agora não teve o nome divulgado -, o engenheiro responsável pela obra e as três vítimas.

Nas anotações de Responsabilidade Técnica (ATRs) da obra, constam como responsáveis o engenheiro Antônio Carlos Barbosa de Almeida e o arquiteto Herval de Oliveira Santa Rosa. O secretário adjunto da Segurança Pública, João Batista Oliveira Júnior, afirmou que há indícios de negligência na execução da obra e suspeita de uso incorreto de material para erguer o edifício.

Visita.

Quatro pessoas ficaram soterradas com o desabamento, e o resgate das vítimas durou cerca de 34 horas. O bebê Ítalo Miguel, de 11 meses, não resistiu e morreu. Ontem, o ajudante de pedreiro Josevaldo da Silva, de 24 anos, a sua mulher, Vanice de Jesus, de 31, e a filha do casal, Ana Gabrielli, de 8, receberam a visita de um grupo de bombeiros no hospital onde estão internados. A garota ganhou presentes dos militares.

Silva, bastante emocionado, disse que dormia no prédio havia quatro meses e tinha o consentimento do dono do imóvel. No sábado, ele notou que o reboco da parede estava caindo. Com relação às horas que passou soterrado com a família, ele disse que chegou a delirar, porque faltava oxigênio.

"Eu ficava imaginando muitas saídas e tentava sair sozinho, mas era impossível. Agradeço a equipe maravilhosa que nos salvou. Infelizmente, o bebê não conseguiu ser salvo", lamentou. Os pacientes devem ter alta nesta terça-feira, 22.

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