As incertezas sobre o Orçamento de 2021 persistem, em dia sem novas desdobramentos sobre o tema, mas influenciada pelo exterior positivo, em pregão marcado por queda mundial do dólar, a moeda americana teve dia de perdas também ante o real. Em dia com apetite por risco de emergentes no exterior, após bons balanços de grandes bancos americanos e dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçando a manutenção de estímulos, operadores relataram entrada de fluxo externo no mercado doméstico e perspectiva de novos aportes, em meio a emissões de ações e renda fixa de empresas. Notícias de mais vacinas da Pfizer para o Brasil também ajudaram, enquanto as mesas de operação monitoraram o noticiário político, em dia de julgamentos no Supremo, sobre a CPI da pandemia, que foi confirmada pelos demais ministros, e as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva.
No fechamento do mercado, o dólar à vista encerrou o dia em queda de 0,82%, a R$ 5,6705. Já o dólar futuro para maio cedia 1,04%, a R$ 5,6650 às 17h40.
Com o Ibovespa superando os 120 mil pontos, houve relatos de novos fluxos nesta quarta para o Brasil. Dados do Banco Central desta quarta-feira mostram fluxo cambial de US$ 1,064 bilhão entre os dias 5 a 9 de abril, dos quais US$ 927 milhões pelo canal financeiro. Depois deste período, houve outras operações, como a venda de debêntures da Vale da carteira do BNDES, em operação de R$ 11,5 bilhões, com demanda duas vezes maior que a oferta.
O analista de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo, observa que, diferente de março, abril tem sido marcado por um dólar mais fraco no mercado internacional. E este movimento continuou nesta quarta, com a divisa dos EUA testando mínimas em um mês ante pares como o euro e o dólar canadense. Este movimento beneficia também as moedas de emergentes. Para ele, as constantes manifestações do Federal Reserve de que não tem pressa em retirar os estímulos monetários, mesmo com inflação mais pressionada, estão ajudando.
Nesta quarta, o presidente do Fed, Jerome Powell, em seu aguardado discurso, afirmou que a instituição pode tolerar a inflação mais alta e moderadamente acima dos 2% das meta "por algum tempo". Ele ressaltou que elevação de juros antes de 2022 é "altamente improvável".
No Brasil, o economista para o país do Barclays, Roberto Secemski, avalia que o orçamento de 2021 não é executável e ameaça o teto de gastos. O maior desafio para resolver a questão é político, comenta ele, pois houve corte de despesas obrigatórios para abrigar emendas parlamentares. Possivelmente, alguma cicatriz vai ficar entre o Planalto e o Congresso após a resolução do imbróglio, avalia em nota. A PEC do governo, vista como uma solução para renovar os programas de combate à pandemia e destravar o Orçamento de 2021, gerou muitas críticas e está sendo reformulada.
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