Por Meon Em RMVale Atualizada em 18 MAR 2021 - 21H02

1 ano de Covid-19 na RMVale: relato de pessoas que perderam seus familiares na pandemia

O Portal Meon conversou com duas jovens que sofreram duras perdas por causa da doença

No dia 18 de março de 2020, o primeiro caso de Covid-19 era confirmado na RMVale. Depois de um ano, a região chegou a marca de 2.529 óbitos pela doença. Esses óbitos são mais que números, são 2.529 vidas e famílias que sofrem a perda dos seus entes queridos, muitas vezes sem se despedir.

O Portal Meon conversou com duas jovens que viram pessoas muito próximas partirem. Um retrato do sentimento e a dor que é perder um parente para essa doença que já matou mais de 287 mil pessoas pelo Brasil.

Jacqueline, social media, de 24 anos, contou que perdeu o pai, Celso Moreira, de 59 anos, e o tio, José Gato, de 54 anos. Segundo Jacqueline, os dois pegaram Covid-19 no trabalho e antes de morrerem, o pai ficou internado 35 dias e o tio por 15 dias, ambos intubados.

A filha de Seu Celso, contou que ele era muito feliz, divertido e temente a Deus e que apesar das falhas, sempre buscou o melhor e nunca deixou faltar nada para a família. “Ele dizia que o mundo entristecia ele e que se pegasse Covid não ia resistir. Aonde chegava brilhava, mas era um "chatão" enorme também. Não tínhamos uma boa relação por caminhos que escolhi depois que eu cresci e que não agradavam, mas no último ano estávamos muito bem, curti muito ele”, disse Jacqueline.

Já o “Tio Gatão”, como era chamado pela moça, cozinhava bem, era uma paizão e super família. “Ele buscou minha tia no trabalho a pandemia toda para ela não correr riscos”, disse a sobrinha.

Perder dois entes queridos deixou um buraco enorme em sua vida. “A dor de um dedo batido na quina do sofá, não melhora, não diminui, é um vazio que não tem tamanho, costumo dizer que eu nunca imaginaria que me faria tanta falta”, lamentou a social media.

Jacqueline contou que os últimos dias de seus familiares foram de muito sofrimento, pois o hospital mandava que seu pai e tio retornassem para casa alegando que não era nada. “Até eles irem carregados, sem aguentar, só assim para internarem os dois”, protestou a familiar. O pai de Jacqueline faleceu no dia 12 de julho do ano passado e o dia tio no dia 13 de janeiro deste ano.

Nathalia de Castro, auxiliar administrativa, de 22 anos, perdeu seu avô Eduardo Rodrigues de Castro, aos 69 anos. Ela contou que não sabe onde o avô contraiu a doença, porque ele tomava todos os cuidados, porém, sempre levava o lixo e buscava seu pão na padaria, por gostar de pegar seu próprio pão, por isso Nathalia acha que pode ter contraído a doença nessas ocasiões.

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Nathalia ainda bebê com o avô Eduardo


Seo Eduardo chegou a ficar internado, perdeu a consciência e já não lembrava mais quem era seus familiares e nos últimos dias chegou a ser intubado. Mas a neta lembra com carinho da história do seu querido avô. “Veio novo de Minas Gerais pra cá e construiu a vida junto com minha avó. Teve 3 filhos, 6 netos, amava a família apesar de sempre estar no nosso pé para estudarmos e trazermos essa alegria de um diploma da faculdade para ele. Trabalhou por anos na Avibras e saiu aposentado, com o apelido de Bola”, contou.

Com a perda recente, Nathalia fala que o sentimento é de profundada tristeza e que tinha uma ligação muito forte com o “Bem”, apelido carinhoso que a neta o chamava. “A perda dele me tirou o foco, o rumo, perdi quem eu mais amava no mundo. Não há palavras que consigam descrever tanta tristeza e o buraco que fica”, lamenta Nathalia.

A moça lembrou que os últimos dias do avô foram conturbados. A doença começou com uma gripe e em seguida ele perdeu os sentidos, além disso, Eduardo tinha um fator de risco, sequelas da meningite que teve em 2018, agravando ainda mais o seu quadro. “Ele foi ficando agressivo, pois esquecia das coisas, ficou cada vez mais febril, mais fraco. Teve que internar duas vezes, a primeira quando voltou pra casa foi uma alegria, afinal, uma melhora, mas não durou nem três dias e ele piorou, voltou ao hospital”, contou.

No dia em que partiu, Eduardo estava intubado, teve uma parada cardíaca e não resistiu, falecendo no sábado, dia 13 de março de 2021, há cinco dias. Deixando sua esposa, que também contraiu a doença, mas já se recupera em casa.

 Depois da perda do avô, Nathalia diz ter aprendido a dar mais valor aos alertas em relação à pandemia do coronavírus e percebeu que a doença realmente não escolhe lugar e nem pessoa, pois é uma doença invisível. “Há quem fure a quarentena e não pegue a doença, por isso acha até que ela não é tão forte como dizem (eu inclusive), mas aí quando alguém que se cuidou, pega e morre, assusta, te faz repensar atitudes”, assumiu a auxiliar administrativa.

Arquivo Pessoal
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Nathalia lembra com carinho do avô



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