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Especial: A Jornada dos Superdotados na Educação Brasileira

Brasil registra 26.815 estudantes com altas habilidades

Escrito por Samantha Pinto

02 OUT 2023 - 14H17 (Atualizada em 03 OUT 2023 - 15H09)

Divulgação/Alpha Lumen

Frequentemente relacionada às altas habilidades, a superdotação muitas vezes evoca, erroneamente, a ideia de genialidade na mente das pessoas. No entanto, essa condição constantemente é mal compreendida devido à falta de informação.

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O que a maioria das pessoas superdotadas, assim como os pais de crianças e adolescentes com altas habilidades enfrenta é, na verdade, a incompreensão, somada às dificuldades diárias decorrentes da falta de apoio.

Grande parte dessas barreiras se encontra no ambiente escolar, pois algumas instituições não possuem preparo para receber essas crianças e muitas vezes recusam esses alunos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que aproximadamente 5% da população global pode ser classificada como superdotada, embora essa avaliação se baseie principalmente no quociente de inteligência (QI), um indicador que se concentra nas habilidades acadêmicas e que tem suas limitações.

A característica central da superdotação reside na intensa atividade metabólica do cérebro, o que implica em um processamento de informações extremamente rápido. É uma condição e envolve uma facilidade de aprendizado e não pode ser definida somente pelo QI.

Características frequentemente associadas à superdotação incluem distúrbios do sono (como sonambulismo e terror noturno), intensidade na percepção (tato, sons, cheiros e emoções são experimentados de forma exacerbada), senso de justiça aguçado, inclinação para o questionamento, autocobrança, perfeccionismo, baixa tolerância à frustração e memória acima da média.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), as escolas devem oferecer um plano de ensino individualizado para cada estudante superdotado, bem como criar espaços de interação para esses alunos. A proposta de atendimento educacional especializado no Brasil para alunos com Altas Habilidades e Superdotação (AH/SD) se baseia nos princípios da educação inclusiva, exigindo a formação de professores e profissionais capacitados para identificar esses alunos.

Para se tornar um educador inclusivo com a capacidade de atender às demandas dos alunos, o curso de Educação Especial e Inclusiva se apresenta como uma escolha ideal.

Para obter essa especialização, você pode contar com a possibilidade de bolsas de estudo. Além dos pais, a escola também possui um papel muito importante na hora do diagnóstico, por isso, é fundamental que a instituição esteja atenta aos sinais e mantenha um diálogo claro com a família, ajudando no desenvolvimento e proporcionando uma experiência escolar adequada para essa criança/adolescente.

Assim como o acompanhamento pedagógico é essencial, o socioemocional precisa ser constantemente trabalhado. “No Brasil, algumas escolas ainda adotam o ensino conservador. Mesmo as crianças superdotadas com altas habilidades enfrentam entraves para a inclusão efetiva.

Uma vez que esses jovens não têm acesso a meios propícios para seu desenvolvimento porque as escolas não oferecem um currículo diversificado e com vivências que venham favorecer o surgimento e desenvolvimento das habilidades, eles podem se sentir desmotivados.

O papel do pedagogo é muito importante dentro da sala de aula, pois pode criar um ambiente estimulador com música, arte, informações sobre o mundo, diversão, espaço e pesquisa” comenta a pedagoga Márcia Regina da Silva e Souza.

Conforme os dados do Censo Escolar da Educação Básica, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2022, o Brasil registrou a presença de 26.815 estudantes identificados com superdotação e altas habilidades. Esse número representa um aumento de 3 mil pessoas em comparação com o censo anterior.

Com 856 estudantes cadastrados como superdotados, São José dos Campos ocupa o segundo lugar no Brasil, de acordo com o ranking de 2022 do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Curitiba lidera e São Paulo está na terceira posição.

Na rede de ensino municipal de São José, mais de 260 alunos com altas habilidades de 45 escolas estão inseridos no programa Decolar, que faz parte da educação especial inclusiva. O projeto busca identificar, acompanhar e estimular o desenvolvimento do potencial dos estudantes, que participam de atividades durante o contraturno escolar.

São mais de 50 opções em diferentes áreas do conhecimento. Atualmente as oficinas do programa são conduzidas por 67 voluntários, que doam tempo e conhecimento para atividades com os alunos.

“O Decolar é importante porque os alunos superdotados precisam de algo a mais e proporciona vivências que dificilmente eles teriam em outro lugar”, afirmou a orientadora de ensino do programa, professora Suellen Diana Araújo Martins. Para fazer parte do Decolar, os estudantes com capacidade elevada são observados pelos professores da rede do 2º ao 5º ano do ensino fundamental.

Após esse período, eles passam por uma análise de dados e observação assistida pela equipe de especialistas. As áreas trabalhadas pelo programa são criatividade, habilidades e expressão, ciências, investigação e tecnologia, comunicação, organização e humanidades. Os alunos escolhem as atividades conforme o interesse e montam um plano individual de trabalho.

A partir dessa programação, são montadas ações e atividades semanais, sempre no contraturno escolar. Manoela de Araújo está no 7º ano da Emefi Maria Amélia Wakamatsu, do Campos de São José, e participa das atividades de fotografia, desenho, matemática e história. “Eu gosto muito do Decolar porque é uma oportunidade muito boa, gosto de conhecer pessoas, fazer amigos e aproveitar tudo que oferecem. São diversas experiências marcantes que já tive até hoje.”

O Instituto Alpha Lumen (IAL), localizado em São José, é uma organização não governamental (ONG) dedicada à busca de soluções de impacto social por meio de iniciativas educativas.

A instituição desenvolve uma ampla gama de projetos voltados para a comunidade, com ênfase especial no Projeto Escola, que tem como foco a formação de líderes entre jovens e crianças.

O propósito desse trabalho é habilitar esses indivíduos a compreenderem e contribuírem para a construção de sua própria trajetória, exercendo uma influência positiva em seu ambiente e efetivamente causando impacto no mundo.

O IAL possui estruturas de pesquisa em várias áreas, incluindo educação, desenvolvimento socioemocional, altas habilidades e cibercultura. Seu principal enfoque está em atender principalmente estudantes de escolas públicas em situação de vulnerabilidade.

Além disso, a instituição criou a Alpha Lumen Online, uma plataforma dedicada a oferecer suporte a estudantes com altas habilidades e superdotação em escolas públicas de todo o país. “Nós do IAL temos muitas parcerias que entendem a importância de dar suporte aos nossos talentos em potencial para que se desenvolvam.

Essas parcerias nacionais e internacionais que atuam nos vários projetos desenvolvidos por nós incluem institutos de pesquisa, universidades, entidades e empresas, pesquisadores, profissionais e o poder público. Temos como exemplo o INPE, ITA, MIT-Brazil, Fondation Edgar Morin, Michaelis, Foundation, Pan American Development Foundation (PADF), Fundação Behring, Fundação Brava, Instituto Virgolim, Stone, Cummins, Dassault Systemes, Cloudwalk, Ball, DEEP e a Boeing entre muitos outros” comenta a Física, Astrônoma, Educadora e Fundadora do IAL, Nuricel Villalonga Aguilera.

Além de ser uma Entidade Sem Fins Lucrativos, o Instituto Alpha Lumen possui projetos aprovados no FUMCAD (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), conforme previsto na Lei 8.069/2012.

E detém o status de ONG de Utilidade Pública Municipal e é registrada no CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). A Alpha trabalha dentro da teoria da complexidade de Edgar Morin – uma educação que traz a flexibilidade orgânica e a criatividade adaptativa necessárias na preparação do estudante para a vida e sua imprevisibilidade. No programa Clube dos Sonhos, o IAL oferece bolsas de estudo para jovens e crianças de baixa renda, talentosos nas diferentes áreas, abrindo oportunidades para que se desenvolvam como lideranças capazes de gerar transformação, utilizando suas habilidades potencializadas.

Dentre os programas da instituição, é possível encontrar: Educação Tecnológica, Olimpíadas Científicas e de Conhecimento, Robótica e Cidadania, Alpha EDTECH, projetos na área da cultura como o Multiarte, a Orquesta Órion, Escola Virtual de Talentos, Projeto Escola e muitos outros. “O talento está em todas as cidades e regiões do país, mas eles são pouco percebidos e não contam com estruturas de apoio e de desenvolvimento.

O recente destaque com alunos superdotados mostra que São José dos Campos identifica melhor essa garotada, seja via prefeitura ou por entidades do 3º setor como a da Alpha Lumen, e oferece mais oportunidades de desenvolvimento e aprofundamento. Infelizmente, muitas cidades não têm acesso a esse trabalho. Nós do IAL temos projetos que escalam ações para além da nossa cidade de modo a dar acesso a oportunidades de identificação e desenvolvimento para estudantes com esse perfil, nas múltiplas inteligências” conclui Nuricel.

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