Familiares do aposentado, José Ângelo Martins, 70 anos, morto no dia 31 de maio, acusam a Secretaria de Saúde de Lorena de negligência. De acordo com a família, a secretária de Saúde, Elisângela Rodrigues, descumpriu uma medida judicial que determinava a transferência do idoso do pronto-socorro para uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
Segundo a filha de Martins, Flávia Vaz, 29 anos, após seu pai sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em abril de 2013, exames detectaram uma mancha em seu pulmão. Orientada pelos médicos, a família solicitou no começo de junho a marcação de exames de tomografia e broncoscopia.
O exame, que buscava identificar indícios de câncer, foi marcado para 1º de outubro de 2013 no hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, mas o aposentado não pôde fazer o exame devido à falta de um carimbo, que deveria ser dado pela Secretaria de Saúde de Lorena.
O exame foi remarcado para fevereiro de 2014, mas novamente a falta do carimbo impossibilitou a realização. Flávia foi novamente à Secretaria de Saúde, cobrar o exame, realizado uma semana depois.
Na sequência, a família conseguiu marcar uma consulta pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com um oncologista no Hospital Regional de Taubaté, que solicitou uma nova broncoscopia, com urgência, para comprovar o câncer.
Flávia afirmou que não conseguiu marcar o exame em Lorena e que seu pai foi obrigado a retornar em Taubaté para o exame, no dia 27 de maio.
Um dia depois, com falta de ar, Martins foi levado às pressas para a emergência pronto-socorro . Segundo a família, o médico informou que ele precisava ir para a UTI, mas não havia leitos disponíveis em Lorena.
Sem a vaga, a família foi obrigada a buscar outra alternativa. A advogada da família de Martins recorreu à Justiça em busca de uma liminar para que o idoso conseguisse com urgência uma vaga em um hospital particular.
A liminar foi concedida no dia 29 de maio, e a secretaria tinha um prazo de até 24 horas para cumpri-la. “Encaminharam a liminar para a secretária Elisângela, mas ela não atendeu a ordem. Às 16h40 da sexta-feira venceu o prazo obrigatório, mas a secretaria sequer nos deu satisfação”, acusou Flávia, que voltou a recorrer ao Fórum, onde conseguiu uma nova petição para que o pai tivesse direito a outro hospital, mas novamente a Secretaria de Saúde não cumpriu a ordem judicial.
Depois de lutar pelo atendimento, no dia 31, a família teve confirmada a notícia da morte do aposentado. “O Martins deu entrada no PS na manhã de quarta-feira e em meio a todos esses problemas, a Elisângela apareceu só na sexta à noite, sendo que na quinta ela havia sido avisada da liminar. Acreditamos que houve negligência por parte da secretaria e tomaremos as medidas necessárias”, afirmou o amigo da família Osmar de Góis.
Prefeitura
Em nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que a Santa Casa deu toda a assistência ao paciente, todos os aparelhos necessários e um leito de UTI foram utilizados no atendimento e após o contato com a Santa Casa, a pasta foi informada que todos os leitos estavam ocupados, o que foi verificado “in loco”.
A nota diz ainda que a secretaria buscou através do Croos (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) uma vaga para o idoso em todos os hospitais do Estado, sem êxito e que o idoso faleceu enquanto a secretaria já encaminhava a internação em leito particular.
Sobre a acusação de descaso, a prefeitura garantiu que a secretária Elisângela Rodrigues “está ciente das necessidades relacionadas à urgência e emergência” e que ela já solicitou ao Estado a ampliação dos leitos de UTI e qualificação dos existentes.
Procedimento
Martins ficou três dias na sala de emergência e a família acredita que a localização da sala possa ter contribuído para a piora do quadro do idoso, já que apenas um portão de ferro separa o local do acesso à rua. “A equipe médica me disse que não há risco de infecção ali, mas eu contestei porque a todo o momento chega ambulância lá dentro. Meu pai foi diagnosticado com início de pneumonia. Este entra e sai pode ter prejudicado o quadro”.
De acordo com a gerência da Santa Casa, já que não havia leitos disponíveis na UTI, o idoso permaneceu na sala de emergência, pois o local contava com todos os equipamentos necessários para atendê-lo e que a localização da sala de emergência está correta, pois é necessário ter entrada direta para as ambulâncias de resgate.
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