Pesquisas mostram que a presença das mulheres em áreas de ciência e tecnologia é maioritariamente inferior que a dos homens, na mesma área.
Um estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), publicado em 2018, prova que as mulheres representam menos de 30% dos cientistas do mundo. Um levantamento feito na Universidade de São Paulo (USP), entre 2013 e 2018, comprovou que apenas 9% dos alunos formados no curso de Ciência de Computação eram mulheres e 90% dos alunos formados no curso de Sistemas e Informação eram homens.
É nesse cenário que Briza Matsumura, aluna do Colégio Poliedro de São José dos Campos, fundou junto com outras jovens o ‘ElaSTEMpoder”, uma conta no Instagram que fala sobre mulheres inspiradoras e as consequências da desigualdade de gênero.
A iniciativa surgiu durante um workshop e também pretende divulgar oportunidades para as meninas. Briza, que tem apenas dezesseis anos, afirma que normalmente o incentivo para as mulheres costuma ser tardio.
“A ideia do curso é desenvolver habilidades que fortaleçam as meninas para que elas se tornem protagonistas nas áreas e posições que desejarem, incluindo as áreas de ciência e exatas”, diz.
Outro objetivo do projeto é o desenvolvimento de um curso de habilidades e competências, que encoraje meninas do Ensino Fundamental e Médio a tentarem ocupar uma carreira, que seja ocupada majoritariamente por homens, como é o caso das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
Maria Lígia Moreira, analista em ciência e tecnologia no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), acredita que as dificuldades pelas quais as mulheres passam são de duas categoriais.
Segundo ela, a primeira é a dificuldade de se inserirem em carreiras onde os homens são maioria, e a segunda é o impedimento de acesso a cargos de maior escalão nas instituições.
“Em 2019, dos cargos de chefia no governo federal, apenas 31,25% dos cargos de chefia no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunições (MCTIC) eram ocupados por mulheres”, afirma.
Para ela, ainda há uma longa caminhada que possibilite que a formação de mais mulheres no ensino superior reflita na maior equidade da presença delas nas instituições de ciência e tecnologia.
“O conselho que dou àquelas que pretendem seguir nessas áreas é seguirem seus desejos e motivações, se unirem às pessoas que enfrentam as mesmas dificuldades para ajuda mútua sempre que possível e, claro, não desistirem nunca. Isso vale tanto para as carreiras de ciência, tecnologia e docência quanto para qualquer outra que a mulher deseja”, finaliza.
A Doutora em Informação Espacial pela USP e professora na Univap (Universidade do Vale do Paraíba), Sandra Costa, concorda. Para ela, as mulheres precisam fazer um esforço muito maior que os homens para alcançarem reconhecimento. Ela alega que é um desafio enorme cumprir uma função dupla ou, muitas vezes, tripla.
"A gente não deixa de ser mãe, esposa e fazer as tarefas do dia-a-dia, e ao mesmo tempo, tem que mostrar muito mais".
Ainda assim, ela acredita que é possível ser mulher, estudar ciência e ajudar a população.
"O universo da pesquisa é tão maravilhoso, ver que você pode ajudar tanto a humanidade e sua comunidade. De todas as dificuldades que possam vir a enfrentar, não desista, porque quando você alcança seu sonho, a realização é tão espetacular, faz valer muito a pena", diz.
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