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Projeto levanta patrimônio cultural de Ilhabela e vence prêmio do Iphan

Empresa de São José dos Campos escavou sítios arqueológicos da ilha, encontrou e catalogou mais de 20 mil itens de antigos habitantes

Escrito por Ana Lígia Dal Bello

14 JAN 2022 - 16H01 (Atualizada em 14 JAN 2022 - 16H58)

Plácido Cali/Divulgação

O “Plano de Gestão do Patrimônio Cultural de Ilhabela”, de autoria do arqueólogo e historiador Plácido Cali, venceu a 34ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A empresa Gestão Arqueológica Consultoria em Patrimônio Cultural Ltda, que propôs o projeto, é de São José dos Campos e foi a única premiada do Estado de São Paulo, após ter concorrido no segmento de ações de empresas privadas. O grupo foi contratado pela Prefeitura de Ilhabela, com apoio da Secretaria de Cultura da cidade.

Do papel à ação

O projeto vencedor do prêmio do Iphan consiste em inventariar o patrimônio arquitetônico, histórico e cultural de Ilhabela, um trabalho extenso, que incluiu 40 edificações de valor histórico e arquitetônico, com plantas e história de cada uma; patrimônio imaterial, com 32 manifestações culturais na cidade, que engloba artesãos, canoas caiçaras, associações de capoeiristas e templos afro-brasileiros de Ilhabela. Abarca também lendas, folclore, culinária e até medicina popular de tempos imemoriais.

Plácido Cali/Divulgação
Plácido Cali/Divulgação


Quem explicou tudo isso ao Meon foi o próprio autor do projeto, o arqueólogo e historiador Plácido Cali. “Levantamos tudo no inventário. A curadoria do acervo arqueológico tem 23 mil peças, que estavam em péssimas condições de conservação. Iniciamos processo de recuperação do material, reorganização, novo espaço adequado na Fazenda Engenho d’Água. Até então, não tinha nada disso catalogado”, relatou Cali.

O trabalho não é de hoje. Em 1996, a empresa levantou os sítios arqueológicos e coletou as 23 mil peças para que, em 2021, pudessem ser expostas ao público.

Ilhabela era habitada há 3 mil anos

Ilhabela é um sítio pré-histórico. O arqueólogo e sua equipe pesquisam vestígios de ruínas de engenho dos séculos XVIII e XIX. Um deles, o Patuíba, foi totalmente cavado e revelou 10 mil peças. “Quando a Sabesp implantou esgoto nos bairros Barra Velha e Perequê, apareceram vários sítios arqueológicos nos leitos viários das ruas. Cobriram o solo original com areia, se tiramos esse material posterior, temos o solo original”.

“Três mil anos atrás, Ilhabela já era ocupada. Havia a presença de grupos de ceramistas, horticultores e nativos do grupo Jê (não havia tupis em Ilhabela)”. As peças encontradas, catalogadas e expostas são objetos utilizados por esses antigos habitantes da ilha, como instrumentos de pedra lascada de caçadores nômades de 1.500 anos atrás.

Exposição

Aberta aos curiosos e amantes de história e cultura, a fazenda Engenho d’Água data da época do ciclo de cana-de-açúcar no Brasil, final do século XVIII. Foi abandonada, restaurada, tombada e, como imóvel particular, não pôde ser visitada. Em 2015, a Prefeitura de Ilhabela apropriou-se do imóvel, e em 2021, passou a abrigar os maiores tesouros da ilha.

Plácido Cali/Divulgação
Plácido Cali/Divulgação


“Foi uma conquista muito grande, todo mundo queria conhecer a fazenda, que fica em frente à avenida da praia. A partir daí (da abertura da fazenda em setembro de 2021), a visitação tem sido muito grande, milhares por mês”, comemorou o especialista.

Quem tiver vontade de conhecer esse verdadeiro tesouro da história da nossa região, pode visitar a exposição gratuitamente na Praia do Engenho d’Água, CEP 11630-000, em Ilhabela.

A Fazenda Engenho d’Água fica aberta de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h, e aos sábados, das 10h às 18h. A entrada é gratuita.

Confira a galeria de fotos:



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Por Ana Lígia Dal Bello, em RMVale

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