Oi gente! Se aproxima o final de mais um novembro. Mês de finados, da soberania republicana e da consciência negra. Períodos e datas de muitas celebrações culturais, ou seja, de muitas manifestações artísticas. Deste modo, pensando no universo plural dos espetáculos públicos e a baixa promoção de acessibilidade presente nestes, objetivei discorrer sobre este tema, porque entendo ainda existir muito silêncio, falta de compreensão e até negligência sobre o mesmo.
Da história antiga aos movimentos virtuais mais modernos, celebrar ritos, estabelecer tradições e provocar sentimentos, sempre foram entusiasmos próprios da natureza humana. Tudo, frequentemente, valendo-se da arte, expressão maior das inspirações comuns dentro dos nossos contextos sociais. E onde entra a pessoa com deficiência? No direito a igual necessidade de acesso a tais eventos. Produtos culturais a serem projetados também para a realidade das diferenças. Refiro-me a obras como peças teatrais, cinema e som, ritos religiosos, festejos populares, dentre outros.
Atualmente, o Brasil até dispõe de legislação vigente sobre tornar acessível a dinâmica das apresentações públicas, mas por falta de conhecimento e de aplicabilidade, quase sempre, essa discussão inclusiva ainda não se faz fato no momento de se construir um evento coletivo. É importante ressaltar que garantir acessibilidade a produtos culturais como espetáculos de dança, musicais, shows, palestras, peças teatrais, cinema, etc, não significa alterar seu conteúdo, mas promover igualdade de retransmissão das informações nele presentes. É necessariamente pensar e executar um evento organizado sob padrões que também permitam à pessoa com deficiência prestigiá-lo, independentemente de seu grau de mobilidade ou nível sensorial. Em síntese, trata-se de oportunizar ao cadeirante, cego, surdo e pessoas com mobilidade reduzida, a chance de também interagir, sorrindo, admirando e se emocionando com o que está acontecendo ao seu redor.
Como tornar, por exemplo, uma peça de teatro democraticamente acessível? O primeiro passo é a busca por promover o evento em local já arquitetonicamente adaptado ao acesso de cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade. O segundo passo, visando atender a comunidade surda e pessoas com deficiência auditiva, acrescentar a execução do espetáculo, também intérpretes de LIBRAS, nossa Língua Brasileira de Sinais. Pensando no público de cegos e pessoas com deficiência visual, um terceiro passo consiste ainda em providenciar áudio-descritores para narrar os acontecimentos e encenações, oferecendo-lhes visão por meio de palavras.
Como é que isso acontece? Tudo deve estar organizado considerando como sanar as diferenças, exemplo, levar som aos surdos e visão aos cegos por vias de uma comunicação adaptada as possibilidades destes públicos. Imagine um palco onde, em local fixo e dentro do campo visual do todo, palco e cenário, devidamente iluminado e discretamente posicionado, também esteja o intérprete de LIBRAS, ouvindo e repassando instantaneamente tudo o que é dito, sem que haja interferência nem desfoques visuais do individuo deficiente auditivo que acompanhe o espetáculo. Quanto aos deficientes visuais, radiotransmissores com fones de ouvido lhes são entregues na entrada do espetáculo para utilização simultânea durante a realização do mesmo. Por exemplo, na base, enxergando o todo, mantem-se o profissional áudio-descritor, atento, dizendo na frequência do rádio como trajam os artistas, suas características físicas, o que fazem e como estes se portam em cena. Enquanto isso, espalhados normalmente pela plateia, com seus fones, felizes, os deficientes visuais prestigiam o evento ali construído também para eles e sua limitação. Conforme exemplo, tanto a tradução em LIBRAS quanto a áudio-descrição, ambas precisam estar em sintonia com o que acontece no palco.
Qual o impacto financeiro para tornar um evento acessível? Como pensar em custos é, sem dúvida, a mais pertinente das considerações, talvez seja indispensável conhecer antes a disponibilidade regional de profissionais e empresas que ofertam esses serviços. Não deve existir, por parte dos organizadores, motivos para desesperar-se ou deixar de incluir acessibilidade a seus eventos, pois esse mercado de pessoas e empresas que prestam assessoria e consultoria multifuncional, é pujante e já está presente na maioria das médias e grandes cidades. Uma nova indústria que possibilita terceirizar as necessidades inclusivas decorrentes para cada formato de apresentação.
Conhecedor de seu público alvo, é respeitável que promotores de eventos, como em qualquer nicho mercadológico e necessariamente nessa ordem, busquem por melhor qualidade primeiro e melhor preço em seguida. Aqui não é possível aprofundar-se em métodos e técnicas, mas uma consulta rápida à internet, algo sobre (como promover acessibilidade e inclusão ao meu evento?), também apresentará muitos conteúdos norteadores, uteis e gratuitos. Assim como o selo ambiental, atualmente, o elemento inclusivo eleva o padrão pessoal e empresarial dos organizadores, o que não deixa de ser um bom e justo marketing individual e corporativo.
Concluindo, seja em apresentações artísticas, palestras, musicais ou mesmo exibições com fotos e imagens gráficas, boa vontade pessoal, sensibilidade social, filantropia corporativa e parcerias educacionais, também são alternativas de se agenciar o debate e a realização de eventos integradores. A proposta dos conteúdos deve estar na democratização de seu acesso. Uma igualdade de entretenimento e saberes absorvíveis por todos e todas, promovendo a verdadeira inclusão. Pensemos nisso. Dúvidas, sugestões de tema e observações afins, contate escrevereincluir@gmail.com e vamos continuar ambicionando uma sociedade mais justa e integradora. Um universo cidadão de todos para todos.
Vídeo: Especialista fala da Inteligência Artificial aplicada na Educação
Rafael Irio é o convidado do Podcast 'Meon Entrevista'
Número de mortos nas enchentes no Texas passa de 60
Resgate corre para salvar dezenas de pessoas ilhadas
Azul oferece 280 vagas para jovens no Programa Melhor Aprendiz
Oportunidades para estudantes de 16 a 21 anos
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.