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Dólar sobe reagindo a déficit primário, petróleo e especulações sobre Ptax

O dólar ampliou a alta frente o real durante a tarde desta quinta-feira, 28, mas ficou ainda abaixo do patamar de R$ 3,30. O mercado acelerou as compras após a divulgação do déficit primário nas contas do governo central, de R$ 8,801 bilhões em junho - o pior resultado para o mês em 19 anos, desde o início da série histórica em 1997. Com isso, o resultado primário no primeiro semestre foi deficitário em R$ 32,521 bilhões, também o pior resultado desde o início da série. Nos seis primeiros meses do ano passado o primário acumulava déficit de R$ 1,706 bilhão.

Houve compras de investidores estrangeiros e uma movimentação especulativa visando a preparação do terreno para a disputa em torno da formação da taxa Ptax de amanhã, a última de julho, de acordo com os profissionais do mercado.

A nova queda do petróleo também pesou, uma vez que a commodity passou a acumular perdas em julho ao redor de 14% em Londres e de 16% em Nova York. Além disso, há desconforto pela espera há mais de 15 dias por eventual anúncio de estímulos em economias desenvolvidas, além de medidas concretas de ajuste fiscal do governo brasileiro.

No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,83%, aos R$ 3,2943. O volume financeiro negociado somou cerca de US$ 1,446 bilhão. Na BM&FBovespa, o dólar para agosto encerrou aos R$ 3,290 (+0,72%) e com giro de negócios de US$ 14,199 bilhões.

"O dólar ganhou impulso após a divulgação das contas do governo pelo Tesouro, que foram as piores da série histórica para o mês de junho", disse João Corrêa, superintendente regional da SLW corretora. Segundo ele, teve player já trabalhando também para a formação da Ptax de amanhã e há nas mesas de operação uma certa insatisfação com a equipe econômica, já que nada mudou em relação ao ajuste fiscal.

O operador Durval Corrêa, da Multimoney Corretora, disse que pode ter ocorrido saída de estrangeiro da bolsa e compras de dólares. "Agosto, que começa na próxima segunda-feira, será um mês parado em razão das férias no Hemisfério Norte e alguns investidores também podem já estar fazendo reforço de caixa em dólar", afirmou.

Para o economista-chefe da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, a alta do dólar expressa desconforto diante da espera por medidas capazes de sinalizar alguma reversão no horizonte para o déficit fiscal do governo. Já do lado externo, na avaliação de Crespo, há certa frustração porque o recente ciclo de alta das bolsas se apoiou na aposta em novos estímulos, que até o momento não foram anunciados, disse ele. Amanhã, o Banco Central do Japão encerra sua reunião de política monetária em uma ambiente de grande expectativa por novidades. Desde o começo do mês, o governo japonês vem cogitando a possibilidade de adoção de medidas fiscais, mas por enquanto nada foi confirmado.

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