Esta é a preocupação dos autores que compõem a escola de filosofia alemã, no século XX. Vários intelectuais, dentre eles Theodor Adorno, apontam para a necessidade de examinarmos a configuração social contemporânea e verificarmos de que maneira contribui para o fortalecimento e/ou regressão do indivíduo. Essa preocupação pode parecer distante de nós, mas essa racionalidade instrumental, predominante na sociedade atual, alcança-nos em todos os lugares.
Acerca de duas semanas atrás, presenciei uma mãe solicitando que o filho parasse de jogar bola e que fosse fazer as tarefas escolares...enfim, estudar. A resposta do filho foi ligeira: Não vou estudar porque não tenho prova amanhã. Esta situação revela o quanto fomos absorvidos por essa racionalidade instrumental que prima pela eficiência e pelo retorno imediato. Essa mentalidade adentrou às nossas escolas e repetidamente, os alunos questionam o professor a respeito de algumas disciplinas que supostamente não têm relação imediata com o curso que escolheram.
Nessa perspectiva, a preocupação dos filósofos alemães é muito atual e deve ser objeto de reflexão de todos aqueles que desejam uma educação para além do mercado, bem como das mínimas exigências impostas pela sociedade administrada. A cobrança que a mãe faz ao filho é oportuna posto que revela a necessidade dos progenitores atuarem na educação dos filhos, ou seja, cabe aos pais o acompanhamento da situação escolar dos filhos.
Portanto, de acordo com esses autores, para se alcançar uma real formação cultural, é indispensável paciência, tempo, bem como distância dessa lógica que valoriza o desempenho e o resultado rápido. Apontar os limites dessa forma de conduzir a vida humana significa, na mesma proporção, valorizar o conhecimento que transcende o fatual e o dado. Logo, se nesta sociedade a vida humana está sendo banalizada, é urgente que identifiquemos as causas e, no que for possível, resistir a todas as ações e reações que danificam o indivíduo, bem como a vida humana.
Nesse sentido, a educação escolar tem uma tarefa muito clara, ou seja, socializar de maneira crítica o conhecimento socialmente acumulado e contribuir para que os sujeitos não se enquadrem cegamente no coletivo. Temos consciência de que advogados loquazes que lucram com essa ordem social serão contrários a qualquer crítica ao sistema, todavia devemos insistir na denúncia de uma racionalidade que, por vezes, é irracional. Esse é o desafio.
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