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Presidente da Abimaq critica 'república sindicalista'

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, afirmou nesta sexta-feira, 17, que existe um "tripé do mal" que dificulta as negociações trabalhistas no País. Segundo ele, esse tripé é formado pelo "poder desproporcional" dos sindicatos, pelo "viés antiempresarial de parte do Judiciário" e pela presença excessiva de dirigentes e ex-dirigentes sindicais no Poder Executivo nos últimos 12 anos. O período coincide com o tempo em que o PT, partido com raízes nos movimentos sindicais, está no comando do governo federal.

"Estamos há 12 anos sob uma república sindicalista. Não tenho nada contra que presidentes ou ex-presidentes de sindicatos ocupem postos em Brasília. O Lula foi presidente de sindicato, foi presidente (da República), perfeito", disse. "Só que quem costuma circular nos corredores de Brasília vai ver a quantidade de sindicalistas e ex-sindicalistas que ocupam os mais altos cargos de todos os ministérios, o que é um negócio desproporcional", afirmou Pastoriza em palestra no 3º Simpósio Trabalhista e Sindical do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise), realizado em Sertãozinho (SP).

Pastoriza disse que, nas duas outras partes do tripé, "o sindicato dos trabalhadores tem um poder desproporcional garantido por lei" e o Poder Judiciário, principalmente na segunda e terceira instâncias, tem um viés antiempresarial. "O Judiciário tem apenas de julgar, mas ele legisla e legisla de uma forma que distorce e complica muito mais as relações trabalhistas", afirmou o presidente da Abimaq.

No evento, o dirigente citou dois exemplos mundiais de sindicalismo: o americano, considerado fraco por ele, pela falta de articulação entre sindicatos, empregados e empresas, e o alemão, apontado como um bom exemplo. "Os sindicatos da Alemanha participam de conselhos nas empresas e sabem realmente o que devem discutir nas negociações salariais e de divisão de lucros", afirmou.

Pastoriza criticou também as empresas que evitam abrir números de seus balanços. "No Brasil, o sistema é o pior dos dois mundos: os sindicatos são fortes e ao mesmo tempo não são criados vínculos fortes de confiança com as empresas, as quais também são reacionárias e não abrem os números", afirmou.

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