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Rebaixamento da Petrobras eleva percepção de risco com Brasil e dólar sobe

Se na terça-feira, 24, a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Janet Yellen, deu a deixa para que o mercado doméstico de câmbio realizasse parte dos lucros recentes, acumulados em 7% no mês até anteontem, nesta quarta-feira, 25, a Petrobras sustentou o movimento inverso. O mercado viu no rebaixamento da estatal do petróleo para a categoria 'especulativa' uma razão mais do que forte para se posicionar em dólar, em meio a aversão a risco com a economia brasileira. A moeda, assim, terminou a sessão em alta e na contramão do exterior.

O dólar terminou o dia em alta de 1,24%, a R$ 2,8690. Na mínima, marcou R$ 2,8410 (+0,25%) e, na máxima, R$ 2,8850 (+1,80%). No mês até hoje, acumula elevação de 6,85%. No mercado futuro, o contrato para março avançava 1,34%, a R$ 2,8710.

Embora todos no mercado soubessem do quadro sombrio da Petrobras, havia uma expectativa de que o governo conseguiria impedir a empresa de perder seu grau de investimentos. Mas a Moody's não viu dessa forma e, de uma tacada só, derrubou a nota da estatal em dois degraus e, agora, a empresa se viu como 'especulativa'.

O pesadelo da estatal seria pior se ela tivesse notas como 'junk' de duas agências de rating, já que essa é a condição 'sine qua non' para que fundos retirem de fato seus recursos dos papéis da estatal. Ao que parece, a empresa tem um fôlego até abril, que é para quando é esperado um rebaixamento pela S&P. De todo o modo, mais do que a nota da Petrobras em si, o que o mercado está observando agora é a possibilidade de contágio para a nota soberana.

A presidente Dilma Rousseff disse hoje que o governo fará de tudo para impedir que o país perca seu grau de investimento. Mas é sabido que o Executivo corre contra o tempo porque a lua-de-mel do mercado com o governo já terminou faz tempo. As medidas de ajuste fiscal têm que ser aprovadas pelo Congresso e a Fazenda precisa fazer cortes ousados em gastos para mostrar o comprometimento que o mercado quer ver nas contas públicas.

Ao que parece, uma corrente do mercado acredita que a decisão da Moody's serviu para trazer o governo - e os congressistas - à realidade e pode apressar a aprovação das medidas provisórias que mexem em benefícios trabalhistas e previdenciários. E isso pode acelerar a conversão dos ideais à meta de superávit de 1,2% este ano.

Por enquanto, o mercado se defende como pode, daí o reflexo no dólar e nos juros.

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