"Só aceitamos o convite porque é um musical maravilhoso", conta Charles Möeller
Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
Charles Möeller e Claudio Botelho se tornaram, com o tempo, sinônimo de um teatro musical bem-feito, detalhado, emocionante. "Foi justamente neles em quem pensei quando comprei, há dois anos, os direitos autorais de Cinderella, o Musical", conta Renata Borges Pimenta Valle, empresária da Fábula Entretenimento. "Até enviei mensagens convidando, mas eles não viram."
O curioso é que foi justamente Möeller quem a reportagem encontrou no comando do ensaio, no Teatro Alfa. "Só aceitamos o convite porque é um musical maravilhoso - se fosse outra peça, não teríamos aceitado", contou o encenador. Explica-se: a dupla Charles e Claudio é o quarto comando à frente de Cinderella, depois de Jorge Takla (que chegou a anunciar, mas não assumiu a direção), Ernesto Piccolo (que saiu deixando reclamações contra a produção no Facebook) e Ulysses Cruz (autor da ideia de alternar Tiago Barbosa e Bruno Narchi no papel de Príncipe).
Renata não esconde suas desavenças com aqueles profissionais. "Cinderella é um musical majestoso, lida com o universo da mulher e o direito de lutar pelos seus sonhos. Assim, só interferi ao perceber que o espetáculo que seria entregue não transmitia uma verdade exigida pela peça. É um clássico, portanto, não pode haver erros."
A determinação da produtora em preservar a estrutura do original é semelhante à de Möeller. "Além de criarem Cinderella, inicialmente para a televisão, Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II são autores de espetáculos que determinaram os pilares dos musicais da Broadway nos anos 1940, como Oklahoma!, Carousel e South Pacific", conta Möeller, um apaixonado pelo gênero, capaz de envolver qualquer espectador com suas detalhadas explicações.
Foi o que aconteceu em seu primeiro encontro com o elenco de Cinderella, no fim de semana. "A maioria dos atores não sabia da importância do trabalho de Rodgers e Hammerstein, que estabeleceram o padrão de qualidade dessa forma de se fazer teatro", conta o encenador, que fez uma palestra de várias horas para um grupo hipnotizado. "Ele apontou detalhes importantes da obra que nos ajudaram a entender mais significados", relembra Bianca Tadini, que vive Cinderella.
Charles mostrou, por exemplo, a forte presença de Shakespeare no musical. "O Príncipe, logo em sua primeira canção, coloca em dúvida se tem ou não vocação para ser rei - uma forte presença do ‘ser ou não ser’ de Hamlet", explica Möeller. "Há também um olhar diferente para a mulher - naqueles anos 1950, ela era a própria dona do lar, seu único espaço de ação. Em Cinderella, a protagonista entende as ideias de igualdade entre os cidadãos e as repassa para o Príncipe, enquanto dança com ele durante o baile."
A versão brasileira do musical é a mesma da Broadway adaptada por Douglas Carter Bea em 2013, que trouxe temas modernos como bullying e questões de igualdade social para o texto. Mas de uma forma sutil, preservando o humor e temas delicados como desafiar o racismo e sexismo.
CINDERELLA - O MUSICAL
Quando: 5ª, 21h; 6ª, 21h30; sáb., 16h e 20h; dom., 17h. (Estreia em 11/3)
Onde: Teatro Alfa, rua Bento Branco de Andrade Filho, 722
Quanto: R$ 50 / R$ 180
Informações: 5693-4000
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