SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Hollywood deu início à temporada pandêmica de premiações neste domingo, com a entrega do Globo de Ouro, que celebra os melhores da televisão e do cinema. A primeira parte da noite foi marcada por política, com a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, a HFPA, fazendo um mea-culpa por não ter negros entre seus membros.
Já no fim dela, a Netflix, que acumulava impressionantes 42 indicações, teve motivo para celebrar. Ela deixou emissoras como a HBO e estúdios de cinema tradicionais para trás com dez vitórias. A maioria veio com The Crown foram quatro estatuetas, incluindo a de série de drama. O ator Chadwick Boseman, de "Pantera Negra", venceu um prêmio póstumo de atuação.
A série de comédia escolhida foi Schitts Creek, enquanto a minissérie foi O Gambito da Rainha. Nas duas principais categorias de melhor filme, Borat: Fita de Cinema Seguinte saiu como a melhor comédia ou musical e Nomadland, como drama.
Durante a festa deste ano, como esperado, nada lembrou o glamour costumeiro do Globo de Ouro, já que a pandemia forçou que ele ocorresse de forma remota, com a maioria dos indicados acompanhando a cerimônia de suas casas.
As anfitriãs da noite, por outro lado, dispensaram as videochamadas. Tina Fey e Amy Poehler comandaram o evento de dois locais distintos. A primeira do Rockefeller Center, em Nova York, e a segunda do hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, onde a noite de gala normalmente acontece. Ambos os endereços tinham uma pequena plateia de mascarados em mesas que respeitavam o distanciamento social.
Fey e Poehler, já em seu discurso introdutório, abordaram a bomba que estourou no colo da HFPA no último fim de semana, quando uma reportagem do californiano Los Angeles Times apresentou evidências contundentes de casos de suborno e ainda denunciou a ausência de negros entre os 87 membros da associação.
Todo mundo está, compreensivelmente, chateado com a HFPA e suas escolhas. Olha, um monte de lixo foi indicado, mas isso acontece, é o jeito deles. Mas muitos atores negros e projetos de artistas negros foram esnobados, afirmou Poehler.
Todos nós sabemos que premiações são estúpidas. A questão é, mesmo em coisas estúpidas, a diversidade é importante. E não há membros negros na HFPA. Eu entendo, pessoal, talvez vocês não tenham recebido o aviso, porque vocês trabalham nos fundos de um McDonalds, mas vocês precisam mudar isso, completou Fey.
A dupla também aproveitou o vencedor na categoria de melhor animação, Soul, para fazer piada com a falta de representatividade. Soul fala sobre um homem negro cuja alma vai parar no corpo de um gato. A HFPA se identificou com o filme porque eles têm cinco membros que são gatos, brincou.
Fey e Poehler falaram ainda dos desafios que a pandemia impôs ao parque exibidor, tirando sarro do fato de o ano passado não ter visto praticamente nenhum blockbuster chegando às telas de cinema.
História foi feita quando os vencedores começaram a ser conhecidos. Pela primeira vez em 37 anos, o troféu de melhor direção foi para uma mulher, Chloé Zhao, por Nomadland. A única que havia recebido a honraria antes foi Barbra Streisand, por Yentl, em 1984.
Zhao competia com Regina King, por Uma Noite em Miami, Emerald Fennel, por Bela Vingança, David Fincher, por Mank, e Aaron Sorkin, por os Os 7 de Chicago. Eram três as diretoras indicadas, que se somaram a uma lista enxuta de cinco mulheres que já haviam aparecido na categoria antes.
Também foi uma noite para relembrar a carreira de Chadwick Boseman, morto em agosto após uma longa batalha contra um câncer. Ele confirmou o favoritismo e levou o Globo de Ouro de melhor ator em um filme de drama, por A Voz Suprema do Blues. Sua mulher, Taylor Simone Ledward, aceitou o prêmio em seu lugar.
Ele teria dito algo lindo, algo inspirador, algo que fosse amplificar aquela pequena voz dentro de todos os nós que nos diz para seguir em frente, disse ela, às lágrimas.
Essas duas categorias foram anunciadas só na reta final do Globo de Ouro, antes, uma longa lista de vitoriosos foi anunciada. Logo no começo dela, no entanto, um problema técnico. O áudio do vencedor em melhor ator coadjuvante em filme, Daniel Kaluuya, de Judas e o Messias Negro, falhou. Laura Dern, que apresentava o prêmio, chegou a se desculpar e a sair do palco, mas a voz do premiado surgiu e ele voltou à tela.
O roteiro cinematográfico campeão foi o de Aaron Sorkin, que escreveu Os 7 de Chicago. Entre os indicados de televisão, Mark Ruffalo levou a estatueta de ator em minissérie por I Know This Much Is True e John Boyega, a de ator coadjuvante por Small Axe.
Em meio aos primeiros anúncios, uma pequena pausa. Três representantes da HFPA subiram ao palco para fazer um mea-culpa e se comprometer a atacar a falta de representatividade na organização. Nós precisamos ter jornalistas negros e estamos ansiosos para um futuro mais diverso, disseram.
Na seção de homenagens, a atriz e ativista Jane Fonda recebeu o prêmio honorário Cecil B. DeMille por sua contribuição para o cinema. Já o produtor e roteirista Norman Lear levou o troféu Carol Burnett, seu equivalente televisivo, por uma carreira que levou às telas temas urgentes e marginalizados em séries como Tudo em Família.
A abertura de envelopes com os nomes vencedores continuou com a categoria de melhor atuação feminina em série de drama, para Emma Corrin, atriz revelação que viveu Lady Di em The Crown e desbancou a colega de elenco Olivia Colman, a rainha da produção. Josh OConnor, que interpreta o príncipe Charles da produção, foi escolhido como o melhor ator do gênero.
The Crown também levou os troféus de atriz coadjuvante, para Gillian Anderson, e, claro, o cobiçado prêmio de melhor série dramática.
Io Sì, canção italiana de Rosa e Momo, garantiu um Globo de Ouro para Diane Warren, Niccolò Agliardi e a cantora Laura Pausini. Já as notas de jazz da animação Soul conquistaram o prêmio de trilha sonora para Jon Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross. Ambas são destinadas apenas a produções de cinema.
Das atrizes que apareceram nos filmes de comédia ou musical, Rosamund Pike foi a preferida, por seu trabalho na trama de humor ácido Eu Me Importo.
Entre as comédias da TV, Jason Sudeikis foi eleito melhor ator, por Ted Lasso. Catherine OHara, melhor atriz, pela última temporada de Schitt's Creek, que ainda arrematou a estatueta de série de comédia.
Um dos filmes mais elogiados da temporada, o americano Minari, falado majoritariamente em coreano, saiu vencedor da categoria de melhor filme em língua estrangeira. Diferentemente do que ocorre no Oscar, o Globo de Ouro não permite que esse tipo de produção concorra às suas principais estatuetas, de melhor filme de drama e de filme de comédia ou musical.
Longos minutos depois de anunciar o melhor ator em minissérie ou filme para a TV, o Globo de Ouro voltou a esse tipo de produção para coroar Anya Taylor-Joy como atriz. Ela estrelou O Gambito da Rainha, escolhida como a melhor minissérie da noite.
Jodie Foster ofereceu uma das maiores surpresas da noite ao abocanhar o prêmio de melhor atriz coadjuvante em cinema, por The Mauritanian. A principal foi Andra Day, de The United States vs. Billie Holiday, também pegando todos de surpresa. O escolhido como melhor ator em comédia ou musical foi Sacha Baron Cohen, por Borat: Fita de Cinema Seguinte.
Confira abaixo a lista completa de vencedores, em destaque .
CINEMA
Melhor filme de drama
Meu Pai
Nomadland
Os 7 de Chicago
Mank
Bela Vingança
Melhor filme de comédia ou musical
Borat: Fita de Cinema Seguinte
Hamilton
Palm Springs
A Festa de Formatura
Music
Melhor atriz (drama)
Viola Davis, A Voz Suprema do Blues
Vanessa Kirby, Pieces of a Woman
Frances McDormand, Nomadland
Carey Mulligan, Bela Vingança
Andra Day, The United States vs. Billie Holiday
Melhor ator (drama)
Riz Ahmed, O Som do Silêncio
Chadwick Boseman, A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins, Meu Pai
Gary Oldman, Mank
Tahara Rahim, The Mauritanian
Melhor ator (comédia ou musical)
Sacha Baron Cohen, Borat: Fita de Cinema Seguinte
James Corden, A Festa de Formatura
Lin Manuel-Miranda, Hamilton
Dev Patel, A História Pessoal de David Copperfield
Andy Samberg, Palm Springs
Melhor atriz (comédia ou musical)
Maria Bakalova, Borat: Fita de Cinema Seguinte
Kate Hudson, Music
Anya Taylor-Joy, Emma
Michelle Pfeiffer, French Exit
Rosamund Pike, I Care a Lot
Melhor ator coadjuvante
Leslie Odom, Jr., Uma Noite em Miami
Sacha Baron Cohen, Os 7 de Chicago
Daniel Kaluuya, Judas e o Messias Negro"
Bill Murray , On the Rocks
Jared Leto, Os Pequenos Vestígios
Melhor atriz coadjuvante
Amanda Seyfried, Mank
Glenn Close, Era uma Vez um Sonho
Helena Zengel, Relatos do Mundo
Olivia Colman, Meu Pai
Jodie Foster, The Mauritanian
Melhor diretor
Chloé Zhao, Nomadland
Regina King, Uma Noite em Miami
David Fincher, Mank
Aaron Sorkin, Os 7 de Chicago
Emerald Fennel, Bela Vingança
Melhor roteiro
Aaron Sorkin, Os 7 de Chicago
Chloé Zhao, Nomadland
Florian Zeller e Christopher Hampton, Meu Pai
Jack Fincher, Mank
Emerald Fennell, Bela Vingança
Melhor animação
Soul
Wolfwalkers
A Caminho da Lua
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
Os Croods 2: Uma Nova Era
Melhor filme em língua estrangeira
Another Round (Dinamarca)
Minari (Estados Unidos)
Rosa e Momo (Itália)
La Llorona (França e Guatemala)
"Two of Us" (França e Estados Unidos)
Melhor trilha sonora
James Newton Howard, Relatos do Mundo
Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste, Soul
Trent Reznor e Atticus Ross, Mank
Ludwig Göransson, Tenet
Alexandre Desplat, O Céu da Meia-Noite
Melhor canção original
Speak Now, Uma Noite em Miami
Tigress & Tweed, The United States vs. Billie Holliday
Fight for You, Judas e o Messias Negro
Hear My Voice, Os 7 de Chicago
Io Sì, Rosa e Momo
TV
Melhor série de drama
The Mandalorian (Disney+)
The Crown (Netflix)
Lovecraft Country (HBO)
Ozark (Netflix)
Ratched (Netflix)
Melhor série de comédia
Emily em Paris (Netflix)
Ted Lasso (Apple TV+)
The Flight Attendant (HBO Max)
Schitts Creek (CBC/Pop TV)
The Great (Hulu)
Melhor minissérie ou filme para a TV
O Gambito da Rainha (Netflix)
The Undoing (HBO Max)
Nada Ortodoxa (Netflix)
Normal People (BBC/Hulu)
Small Axe (BBC)
Melhor atriz (drama)
Olivia Colman, The Crown
Emma Corrin, The Crown
Laura Linney, Ozark
Sarah Paulson, Ratched
Jodie Comer, Killing Eve
Melhor ator (drama)
Jason Bateman, Ozark
Matthew Rhys, Perry Mason
Al Pacino, Hunters
Josh OConnor, The Crown
Bob Odenkirk, Better Call Saul
Melhor atriz (comédia)
Kaley Cuoco, The Flight Attendant
Elle Fanning, The Great
Catherine OHara, Schitts Creek
Lily Collins, Emily em Paris
Jane Levy, Zoey e a Sua Fantástica Playlist
Melhor ator (comédia)
Don Cheadle, Black Monday
Jason Sudeikis, Ted Lasso
Ramy Youssef, Ramy
Eugene Levy, Schitts Creek
Nicholas Hoult, The Great
Melhor atriz (minissérie ou filme para a TV)
Anya Taylor-Joy, O Gambito da Rainha
Shira Haas, Nada Ortodoxa
Nicole Kidman, The Undoing
Cate Blanchett, Mrs. America
Daisy Edgar-Jones, Normal People
Melhor ator (minissérie ou filme para a TV)
Ethan Hawke, The Good Lord Bird
Hugh Grant, The Undoing
Mark Ruffalo, I Know This Much Is True
Bryan Cranston, Your Honor
Jeff Daniels, The Comey Rule
Melhor atriz coadjuvante
Gillian Anderson, The Crown
Annie Murphy, Schitts Creek
Helena Bonham Carter, The Crown
Julia Garner, Ozark
Cynthia Nixon, Racthed
Melhor ator coadjuvante
Brendan Gleeson, The Comey Rule
Dan Levy, Schitts Creek
John Boyega, Small Axe
Donald Sutherland, The Undoing
Jim Parsons, Hollywood
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