Condado de Cornualha na Inglaterra, um dos ambientes inseridos nos best-sellers
Divulgação/Wikimedia
Antes de chegar ao sudoeste da Inglaterra, nos condados de Devon e Cornualha, nosso conhecimento sobre a região se baseava principalmente nos clássicos da literatura fantástica e policial. Foi ali que muitos escritores britânicos se inspiraram para desenvolver tramas que, em pouco tempo, seriam best-sellers.
Um lugar que, em nossa imaginação, sempre foi o território mítico dos Cavaleiros da Távola Redonda, dos piratas e contrabandistas, de cottages (cabanas) de pedra sobre rochedos, de pássaros que, sem motivo aparente, atacam as pessoas, de crimes misteriosos. E, ao mesmo tempo, cenário de tórridos romances.
O que impressiona quem chega pela primeira vez a essas terras, último bastião da cultura celta na Inglaterra, região forjada por mineiros e pescadores, é a força de sua natureza: o litoral açoitado pelo mar revolto, penhascos negros que emergem das águas oceânicas, longas extensões de falésias, pântanos, vastos monólitos que, dizem, são marcos de templos do Neolítico. Tudo isso, por vezes, envolto em denso nevoeiro. Nesse pano de fundo desenham-se as feições góticas dos vilarejos, onde se destacam as silhuetas de cúpulas de igrejas, lápides e cruzes celtas recobertas de musgo, e ruínas de castelos sombrios. Um cenário que nos coloca na zona fronteiriça entre realidade e tudo o que a transborda - magia e superstição. Por isso mesmo, um universo inspirador.
Muitas dessas paisagens se mantêm praticamente as mesmas desde quando Arthur Conan Doyle (1859-1930), Agatha Christie (1890-1976), Daphne du Maurier (1907-89), Virginia Woolf (1882-1941), J.R.R. Tolkien (1892-1973), D.H. Lawrence (1885-1930), Marion Z. Bradley (1930-99), William Golding (1911-1993), Rosamunde Pilcher (1924) e tantos outros escritores ali ambientaram suas histórias, fossem elas reais ou fictícias. Mas o que esses autores, de fato, têm em comum em muitos de seus livros - alguns deles, verdadeiras obras-primas - é uma narrativa indissociavelmente ligada ao clima de magia e encantamento que a envolve. E que se reveste de vida, quase como um personagem.
Aula de Literatura
O ponto de partida desse processo criativo já se pode identificar na estação ferroviária de Reading, a mais próxima do Aeroporto de Heathrow, em Londres, em direção ao sudoeste. A luz tênue e difusa resultante da névoa do amanhecer, que encobre as plataformas e os trens, evoca de imediato as nuvens do vapor que envolvia as antigas estações. Faltam apenas o apito e o silvo dos pistões.
Algumas cenas detêm tal poder de magia que nos transportam de imediato para um mundo de ficção. Não precisamos da plataforma 9 ¾, como fez Harry Potter para chegar à escola de bruxos, em Hogwarts, e tampouco trombar com um fantasma. Mesmo porque fantasmas são viajantes noturnos, já dizia o poeta gaúcho Mario Quintana.
Agatha Christie habitualmente utilizava esse meio de transporte para ir de Londres a Torquay, em Devon, e o trem, como ela declarou certa vez, "sempre exerceu grande fascínio sobre mim". Neles, ambientou muitas de suas novelas policiais.
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