O portal criado pelo estúdio SHoP, de New York, com composto de bambu e impressão em 3D
Estadão Conteúdo
O culto ao imperfeito exercitado em móveis feitos de madeira, pedra, argila e até lava vulcânica. Uma definitiva repulsa pelo convencional, manifesta em objetos inusitados produzidos com materiais descartados. Naquela que se configura sua mais bem sucedida edição, a Design Miami, mostra que aconteceu no início deste mês, na Flórida, veio recheada de novidades. E também de bons números.
Além de registrar público recorde de 37.900 visitantes, este ano foram 31 galerias participantes, cinco das quais recém-chegadas, além de nove fundadoras, que retornaram pela décima segunda vez ao evento. Também em termos de vendas – mesmo diante de cifras que não raro ultrapassam milhares de dólares – a mostra parece finalmente se reencontrar com suas origens.
A galeria nova-iorquina Friedman Benda, por exemplo, vendeu todos os armários da artista Misha Khan, produzidos com material que ela coleta nas ruas. Assim como aconteceu com as peças de resina produzidas por Gaetano Pesce, em cartaz na Salon 94.
"A grande maioria dos nossos clientes é de colecionadores de arte. Mais do que nunca, cresce entre esse público o reconhecimento de que o design pode ser tão conceitual quanto a arte, com a diferença de que você não apenas vive com ele. Você pode usá-lo", declarou o galerista Zesty Meyers, diretor da R & Company, galeria também sediada em Nova York.
Se entre os colecionadores o entusiasmo pela mostra na Flórida parece caminhar a passos largos, o mesmo se verifica entre uma parcela mais ampla de visitantes: um público não formado por compradores de design, mas pelos interessados nos rumos da criação no setor – designers, fabricantes e críticos.
Afinal, levando a exclusividade a seus limites, poucas mostras no cenário internacional são capazes de oferecer, sob um mesmo teto, um mix tão bem dosado de historicismo e atualidade quanto a Design Miami. De móveis consagrados e outros que acabaram de ser concebidos, é possível encontrar um pouco de tudo por lá. Sempre mantendo a mesma excelência.
"Nunca as galerias se apresentaram tão bem. O fluxo entre a herança histórica do século 20 e a vanguarda do século 21 me pareceu bem mais natural que nas edições anteriores", considerou Annie Carlano, curadora de design e moda do Mint Museum, sediado na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte.
Estreante na mostra, o MeMo, Mercado Moderno, do Rio de Janeiro, levou a Miami uma individual do designer brasileiro Hugo França, (mais informações na pág. 14). Uma escolha tão feliz quanto a do estúdio SHoP, de Nova York, encarregado de projetar a praça e o portal de entrada da feira.
"O projeto celebra o espírito beira-mar da cidade, ao sugerir a praia, mas também sua visão criativa e tecnológica, manifesta pelo portal", pontuou o norte-americano Rodman Primack, diretor executivo da Design Miami, diante da estrutura de mais de 6 m, feita de fibra de bambu e impressa em 3D.
"Trata-se de uma alternativa natural de construção que expande os horizontes da tecnologia 3D", afirmou o executivo que, para alívio de todos, já garantiu vida longa à obra. "Ela será reinstalada no Design District de Miami onde vai abrigar eventos culturais ao ar livre."
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