Por Flavia Guerra Em Cultura

"Que Monstro Te Mordeu?!" é dirigida por criador de Castelo Rá-Tim-Bum

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Seriado da TV Cultura conta a história de Lali, uma garota quase monstro

Divulgação

Lali é uma garota quase monstro. Tem carinha de menina, orelhas de elfo, mãos e pés de fera. Vivida pela atriz Daphne Bozaski, ela passa por aventuras do Mundo dos Monstros ao lado de amigos como Romeu Umbigo, seu pai Doutor Z e sua melhor amiga: uma meiga poltrona rosa em que a garota se senta quando está meio cansada. Lali é a protagonista de "Que Monstro te Mordeu?", a mais nova série que Cao Hamburger e sua equipe preparam para a TV Cultura.

Neste mundo, não há humanos, mas sim monstros que são absolutamente normais. Ou quase. O 'homem do tempo' é Walmor, que, não por acaso, é um guarda-chuva. A moça do telejornal tem um olho só. É esta terra improvável, mas com histórias muito verossímeis, que os pequenos espectadores vão conhecer a partir de outubro.

Produção independente entre a Caos Produções e a Primo Filmes, que repete a parceria com o SESI e a TV Cultura, Que Monstro é a mais nova aposta da emissora para fisgar o público infantil e manter sua tradição em oferecer programas que unem entretenimento e educação. A série terá 50 episódios de 22 minutos para a TV e 50 outros episódios de até três minutos para a internet.

Por coincidência feliz, Que Monstro estreia no ano em que se completam duas décadas de Castelo Rá-Tim-Bum, a série super premiada que Cao Hamburger dirigiu para a TV Cultura e se tornou sinônimo de TV de qualidade para o público infantil. Criado por Flávio de Souza e Hamburger, o programa estrelado pelo garoto Nino teve média de 12 pontos no Ibope, foi premiado no Festival de Nova Iorque e eleito como melhor programa infantil pela A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1994.

A julgar pelo cuidado com que a série está sendo produzida, a nova atração tem potencial para ser tão amada pelos pequenos quanto Castelo. "Estamos filmando para uma nova geração. E isso muda muita coisa. Assim como Castelo, é educativo, mas tem entretenimento. E vice-versa. Este equilíbrio era o segredo do Castelo. E queremos manter isso. Mas a trama não tem nada a ver com o Castelo. Mas também é instigante", analisa o diretor geral.

Para instigar, e encantar, o pequeno espectador, Hamburger e equipe estiveram atentos aos fenômenos tecnológicos desta era. "Quando o Castelo estreou, era a época do lançamento do programa Windows. Era a sensação do momento. E a ideia do programa tinha a ver com isso, com janelas e ambientes que iam se abrindo", conta Hamburger, que já é referência quando o assunto é programação infantil.

"Comecei por acaso a filmar para crianças. Isso porque eu fazia animação e um dos meus curtas, feito com massinha, atraiu o público infantil. A TV Cultura me chamou para trabalhar lá. Urbanóides foi a primeira coisa que fiz lá. E depois me convidaram para o Castelo. E até hoje estou buscando novas formas de contar boas histórias para os pequenos", relembra o diretor.

"Já Que Monstro está sendo criada na era da internet, da interatividade. A gente pensou o programa com uma característica que tem muito a ver com isso", completa Teodoro Poppovic, que assina a criação do programa ao lado de Hamburger.

Esta interatividade é tão crucial que a série foi pensada para que desenhos criados por crianças virassem personagens. "Fizemos algumas oficinas, selecionamos algumas crianças, que criavam livremente e, em outros momentos, desenhavam de acordo com temas propostos por nós", explica o diretor, que recebeu há pouco o prêmio de melhor série de 2013, segundo o International Emmy Kids Awards, por Pedro e Bianca, série direcionada para o público adolescente, também exibida na Cultura.

A propósito da Cultura, Marcos Mendonça, diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, explica que a emissora não entra somente como exibidora. "Desde os roteiros até a captação da verba, passando pelo pagamento dos profissionais. É um acordo tripartite, entre Sesi, TV Cultura e a TV Cultura", afirma Mendonça. "É uma tendência. Se pudermos produzir mais produtos assim, será ótimo. Aliamos o padrão de qualidade da emissora, buscamos recursos com terceiros e ainda ajudamos produtores independentes", continua.

Mendonça acrescenta que a programação infantil é crucial para a emissora. "Na TV Cultura, temos dez horas diárias de programação infantil. E na TV Rá-Tim-Bum, 24 horas. Precisamos desta relação com os produtores independentes para preencher nossa grade de programação, tanto na TV aberta quando no cabo. E estamos apostando muito na série", declara. "Financiado pelo Sesi, este é um produto feito com todo cuidado, Acreditamos que também vai trazer prêmios para o Brasil. Os roteiros são submetidos à equipe de educadores da TV Cultura, para que tenha sempre este caráter de que a criança se divirta e aprenda."

Para reforçar a preocupação de unir educação e diversão, surge o fato de se tratar de uma série multiplataforma, exibida também na internet. "Hoje em dia as crianças brincam com o computador, o iPad dos pais. Estes episódios curtos têm uma trama independente, mas complementam o universo do programa da TV. E, no quesito tecnologia, há até mesmo um boneco que só existe digitalmente e vai ser criado na fase de pós-produção (a cargo da O2 Filmes)", explica Poppovic.

Que Monstro foi idealizada para o público de 4 a 10 anos, mas a previsão é que seduza espectadores de outras idades. "Mas vai se estender tanto aos mais novos, pois é muito lúdica, colorida, quanto aos mais velhos, já que o roteiro foi muito trabalhado pelo Cao, pelo Teo Poppovic e pela equipe de cinco roteiristas, que caprichou nas descobertas de Lali", conta o produtor Matias Mariani, da Primo Filmes (de O Cheiro do Ralo e Estrada 47).

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