Antes da goleada sobre a Tunísia por 5 a 2, o volante Witsel explicava a preparação física e técnica da Bélgica na Rússia. No final, uma revelação: "Estamos seguindo as orientações de Thierry Henry e estamos evoluindo bastante". Henry é aquele mesmo, campeão mundial com a França em 1998 e carrasco do Brasil em 2006. O francês é um dos grandes ex-jogadores que agora estão na comissão técnica das seleções na Copa do Mundo. Eles deixaram de ser as estrelas de campo para trabalhar nos bastidores. Alguns são importantes; outros, só figurantes.
Thierry Henry está no primeiro time. Aos 40 anos, ele é assistente técnico do espanhol Roberto Martínez, que comanda uma das candidatas à surpresa da competição na Rússia. Aposentado desde 2014, ele iniciou o trabalho na Bélgica em 2016 e está em sua primeira Copa do Mundo.
Uma de suas contribuições foi vista na goleada sobre a Tunísia por 5 a 2: ele busca velocidade na troca de passes para confundir a zaga adversária. Parece simples e fácil falando assim, mas poucas seleções fizeram isso até agora no torneio. Nas partidas da Bélgica, Thierry Henry faz questão de manter a discrição e foge das entrevistas.
Na Europa, essa prática tem sido bastante utilizada. A Alemanha, por exemplo, explora com inteligência a experiência dos antigos jogadores. Miroslav Klose, maior artilheiro da história das Copas com 16 gols - superou em 2014 o brasileiro Ronaldo, que marcou 15 -, é assistente técnico, enquanto que Oliver Bierhoff é diretor de projetos.
Oliver Bierhoff funciona como escudo para o técnico Joachim Löw e cuida principalmente do contato com a imprensa mundial e eventos institucionais. Foi ele quem atendeu os jornalistas após a derrota incômoda para o México por 1 a 0, na estreia do time. Formado em Economia, o ex-jogador é, na prática, o chefe de Löw e está sendo preparado para presidir a Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão).
Miroslav Klose fica dentro do campo e se aproxima mais do treinador. No planejamento estratégico da seleção para as próximas Copas, é um nome forte na linha sucessória do comando da equipe. O próprio Joachim Löw já admitiu que o artilheiro está sendo preparado para ocupar o seu cargo quando ele sair.
O ex-zagueiro espanhol Fernando Hierro fez essa transição às pressas. Faltando dois dias para o início da Copa do Mundo, ele assumiu a seleção espanhola no lugar de Julen Lopetegui, que fechou contrato com o Real Madrid sem avisar a federação nacional e foi demitido por isso.
Algumas seleções fazem treinamentos específicos para cada setor do campo: defesa, meio e ataque. Para isso, a Dinamarca recorreu obviamente a um antigo goleador: Jon-Dahl Tomasson, que jogou no Milan, Stuttgart e também Villarreal. Ele tem a função específica de aperfeiçoar a atuação dos atacantes.
Nesse contexto, a seleção brasileira tem um exemplo já conhecido. Herói na conquista do tetracampeonato mundial, em 1994, Taffarel é preparador de goleiros do time de Tite. Ele apostou e bancou Alisson como titular quando muita gente torcia o nariz para o jogador. Outro exemplo brasileiro é Edu Gaspar, que trabalha com Tite e faz bem o meio de campo entre a comissão e a CBF, além do ex-lateral-esquerdo Sylvinho, mais próximo do treinador dentro de campo.
A presença de jogadores à frente das federações é comum. O croata Davor Suker, artilheiro da Copa do Mundo de 1998, é presidente da Federação Croata há seis anos. Das tribunas de honra dos estádios na Rússia ele viu a sua equipe triturar a Argentina (3 a 0) e garantir a vaga na próxima fase. Já Zbigniew Boniek, terceiro colocado no Mundial de 1982, preside a Federação Polonesa e já está fora da competição.
Também existem casos curiosos. O volante holandês Van Bommel era o homem de confiança do técnico Bert van Marwijk na Holanda, vice-campeã da Copa do Mundo de 2010. Após a aposentadoria, Van Bommel foi chamado para ser seu assistente técnico na seleção australiana. Detalhe: o ex-jogador é casado com a filha do treinador, ou seja, é também genro do técnico.
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