Condenado por corrupção, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, indicou à Justiça norte-americana que irá recorrer da decisão que determina uma pena de quatro anos de prisão e uma multa milionária. Em agosto, a juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, condenou Marin a 48 meses de prisão pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da CBF de 2012 a 2015.
Marin foi acusado de participar de um esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões (cerca de R$ 623 milhões) em suborno envolvendo torneios como Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Ele já cumpriu 13 meses de detenção na Suíça e nos Estados Unidos e, por ter registrado bom comportamento, sua pena final, na prática, será reduzida para 28 meses de prisão.
Chen determinou também multa total de US$ 1,2 milhão (R$ 4,8 milhões), que será paga em seis parcelas, sendo a primeira seis meses depois de 20 de novembro deste ano, quando será publicada a sentença. José Maria Marin também será confiscado em US$ 3,35 milhões por ter participado do esquema de propinas que teria conspirado ao seu favor o recebimento de US$ 10 milhões.
Os advogados indicaram que vão recorrer da decisão da corte de Nova York. A estratégia de defesa é recorrer à Corte de Apelação e, ao mesmo tempo, pedir que Marin aguarde a decisão em prisão domiciliar, valendo-se do fato de possuir um apartamento em Nova York e de ter demonstrado, entre 2015 e 2017, que não existiria risco de fuga. Assim, o objetivo é prolongar ao máximo uma decisão final, garantindo ao brasileiro mais tempo em sua própria residência.
O Estado apurou com pessoas próximas a Marin que sua idade é um fator que tem pesado. A segregação teria deixado sequelas em um homem de 86 anos. O ex-presidente da CBF tem recorrido ao serviço de saúde da prisão nas proximidades de Nova York. Ele também tem sido medicado, diante de seus problemas de hipertensão arterial.
DINHEIRO - Além do recurso, a defesa de Marin contesta ainda a posição da Fifa e da Conmebol de que seu cliente deva pagar indenizações às entidades pelos supostos prejuízos que ele as causou. Para os advogados do brasileiro, a Fifa sabia como era administrado o esporte e era cúmplice de esquemas que envolveram outros ex-dirigentes.
Juntas, a Fifa, Conmebol e Concacaf entregaram um pedido para recuperar pelo menos US$ 120 milhões (R$ 486 milhões) de José Maria Marin e outros condenados no esquema de corrupção do futebol. As entidades acusam seus ex-líderes de ter causado um "dano irreparável" a elas e uma definição será anunciada no fim de novembro.
Na semana passada, Marin pediu que a Justiça americana permita o desbloqueio de milhões de dólares para que o ex-cartola possa pagar seus advogados e, assim, financiar seu recurso nos tribunais dos EUA.
Em novembro de 2015, quando Marin foi extraditado da Suíça para os EUA, a corte de Nova York o permitiu aguardar sua sentença em liberdade, com a condição de que depositasse uma fiança de US$ 15 milhões. Desse total, US$ 2 milhões viriam de garantias bancárias e mais US$ 1 milhão em espécie.
A promotoria americana estima, porém, que a fortuna de Marin seria bem maior do valor que ele tem bloqueado. "Marin tem uma fortuna individual de mais de US$ 14 milhões e não está em questão se ele tem a capacidade de pagar a multa", disse a promotoria, antes mesmo de sua condenação.
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