Alberto Simões no lançamento de um dos seus livros
Rodolfo Moreira/Jornal Joseense
Alberto Simões, o grande nome da crônica esportiva regional, morreu na manhã desta quinta-feira, depois de passar os últimos tempos enfrentando problemas de saúde. O velório é no cemitério central de São José dos Campos, onde o sepultamento será as 16h30. Como homenagem, o Jogando Juntos e o portal Meon publicam um texto enviado por Vagner Rodrigo Campos Freitas, um dos muitos admiradores do Professor.
Ao Mestre com carinho!
“Os ponteiros não param…”
Assim Alberto Simões dizia em suas transmissões esportivas para assinalar os minutos que se passavam e o cronômetro que não parava. Os ponteiros não param para aqueles que amam.
Alberto de Souza Simões, o paraense que tantas vezes se deliciava em contar as histórias do povo de Belém do Pará. Nas datas marcantes sempre dizia o que estavam fazendo na sua terra e da vontade de estar com eles. Escolheu também estar conosco, primeiro passando por Campos do Jordão e depois se tornando um dos mais amados joseenses que nossa história conheceu. Cidadão Joseense por título e por alma.
Ninguém conhece mais as histórias, as entranhas e os segredos do Martins Pereira do que ele. Ali foi sua casa por tantas jornadas inesquecíveis, por inúmeros gritos emocionantes de que “a bola está na zona do agrião, há raios e trovoadas, há perigo por perto, é gol do São José no Martins Pereira, a menina está lá dentro, me conta Valtencir Vicente a história desse gol”.
Aprendi desde pequeno a ouvir no radinho que a mãe Teresa Bastos colocava na cozinha e eu ficar sentado no degrau da porta ouvindo, a amar o São José Esporte Clube com o mestre Alberto Simões narrando naquilo que ele chamava carinhosamente de “latinha”.
Crescia de idade e de admiração por esse homem que colocava tanto amor naquilo que fazia. Conversávamos por tantas vezes, aprendia muito daquele que chamo de Mestre. Na criação do “Parada dos Esportes” há mais de 51 anos, fez do horário das 18h a referência em notícias do Vale do Paraiba, na antiga Rádio Clube e até a Rádio Cidade, como poucos valorizava o trabalho da malha no grande rádio esportivo.
Dizia sempre que Fabiola Molina e Edwar Simões foram os maiores esportistas que São José já teve. Valorizava quem levava o nome da cidade ao Brasil e ninguém fez isso melhor do que ele, inclusive quando presidiu a Aceesp no interior. Iria escrever um livro sobre os grandes nomes do esporte na cidade.
Nos últimos anos de seu trabalho, se dedicou ao basquete, que ele chamava de “o novo amor da cidade”. Chamou ali de o “caldeirão”, “o palco iluminado da vermelhinha”. E vivemos tantas jornadas inesquecíveis com a sua transmissão tantas vezes em pé na cabine e com a bandeira do Remo lá pendurada. Eram de “Chuá” que caiam as melhores bolas da “Águia do basquete”, pois “de três é mais bonito, de três é mais gostoso”.
“Franca é sempre Franca”, alertava o mestre quando a turma de Helio Rubens Filho aqui vinha. “Se eles tem o Volucato em Limeira, aqui temos o Vo Lineu”, brincava nos jogos com Limeira. De nossos jogadores ele dizia “Murilo Becker comparece e a bola desce”, Fulvio Chianta de Assis era o maestro do time, Andre Laws era o homem de gelo, as “muchas gracias” eram dadas ao espanhol Alvaro Calvo, Chagas Junior era no melhor sotaque paraense o “repórter das quadras” e Dalvi Rosa Moreira foi o seu amigo de fé, seu irmão camarada, de tantos caminhos e tantas jornadas.
O título Paulista de 2012 foi oferecido ao Mestre Alberto, onde ainda do hospital apoiava seu amigo Vieira Junior naqueles momentos que seriam tão importantes para o jovem locutor que ali nascia. Seu último trabalho foi em uma partida de basquete na ADC GM, uma quarta feira a noite, onde na Quinta o São José já enfrentaria o seu Palmeiras pelo basquete masculino. Não esteve presente, já estava aos cuidados de sua família que com tanto amor foram o seu sustento até hoje.
Obrigado Bete Barros Simões, Marcelo, Luciano e familiares por nós terem dado por mais alguns anos o Mestre Alberto.
As lágrimas vem, as lembranças são eternas e fica a certeza de que aqueles que amam jamais passam, para eles o relógio da eternidade não para nunca de apontar a direção sem fim. Encerrar o texto com alguma palavra minha é muito difícil, pois jamais estarei pronto para me despedir de Alberto Simões. Então dou voz as suas palavras mais uma vez para que ecoem por todo o sempre nos corações daqueles que conheceram o “professor da galera”, o mais amado radialista de São José dos Campos. Assim ele sempre encerrava as suas transmissões:
“A vida é um caminho, siga em frente, a vida é um presente de Deus!” Sua vida foi o nosso maior presente eterno Mestre Alberto! Eu amo você para sempre em meu coração! Obrigado por ter existido!
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