Ritual pré-jogo é uma coisa que Joseph Yobo conhece bem. Com 16 anos de carreira profissional, ele já perdeu as contas de quantas vezes teve de se preparar no vestiário, vestir o uniforme, cantar e rezar antes de entrar no gramado. Ou quase. Isso porque a conta de quantas vezes ele vestiu a camisa da Nigéria está muito bem registrada. A partida contra a Argentina, no terceiro jogo da fase de grupos da Copa do Mundo, foi a sua centésima pela seleção.
A história contará que a marca foi manchada pela derrota por 3 a 2, mas para Yobo a lembrança será outra: a confirmação da classificação para as oitavas de final graças à vitória da Bósnia e Herzegovina sobre o Irã por 3 a 1. "Passar para a fase de mata-mata era o nosso primeiro objetivo", declara o capitão nigeriano ao Fifa.com. "Estamos muito felizes, pois isso não acontecia desde 1998. Conseguimos nos classificar com orgulho, terminando na segunda colocação do grupo e brigando pela primeira posição com a Argentina."
Adversário de peso
Os comandados de Stephen Keshi podem até ter ficado com a derrota, mas, à exceção do início da partida, jogaram de igual para igual com a Argentina. "Estamos decepcionados porque não jogamos para vencer desde o primeiro minuto", lamenta o zagueiro do Fenerbahçe, que nos últimos seis meses defendeu o Norwich por empréstimo. "Pensávamos que um empate seria um bom resultado, mas no segundo tempo voltamos mais fortes para tentar vencer a partida. Era o que precisávamos ter feito desde o primeiro minuto", completa, lembrando o rápido gol de Lionel Messi. "Mas estou orgulhoso da equipe, da reação que tivemos depois de ficar atrás no placar. Estamos felizes pela classificação, mas decepcionados por não termos obtido um melhor resultado."
Vale lembrar que, do outro lado do campo, estava uma seleção bicampeã do mundo que conta com um jogador eleito quatro vezes Bola de Ouro da Fifa. "É uma das melhores equipes do mundo, foi um grande teste para nós", analisa o experiente jogador, que teve boa passagem também pelo Everton e aponta quem foi melhor atacante que já enfrentou durante a sua longa carreira. "Ah, o Messi é de longe o melhor. Já tinha jogado contra ele em 2010, ele nos deu muito trabalho, mas conseguimos impedir que ele marcasse. É um jogador realmente especial, basta ver o que ele nos fez passar hoje."
Yobo faz questão de destacar ainda que, além de o revés ter vindo diante da forte Argentina de Messi, os nigerianos demonstraram boa evolução no torneio. "Muita gente dizia que havíamos começado mal contra o Irã (empate em 0 a 0), mas jogamos contra uma equipe bem fechada e melhoramos desde aquele primeiro jogo", aponta o jogador. "O terceiro foi provavelmente o melhor deles, ainda que tenha terminado em derrota."
Rumo aos 104?
Do alto dos seus 33 anos e com cem partidas pela seleção, Yobo consegue encontrar o lado positivo até mesmo quando o resultado dentro de campo não é o esperado. De qualquer forma, é difícil não notar a evolução da Nigéria desde a estreia dele com a camisa da seleção, em 2001. "Estou nesta equipe há vários anos, então acompanhei esse crescimento", comenta o zagueiro, que esteve na Copa de 2002. "Conquistamos a Copa Africana de Nações, nos classificamos para a Copa do Mundo sem maiores dificuldades e agora passamos para a segunda fase do Mundial. Tantas coisas boas em sequência não se veem com frequência, é a prova de que evoluímos. Este elenco é jovem, está em pleno crescimento e aprende rápido. Ganhamos confiança com o que fizemos até aqui e isso vai nos ajudar no próximo compromisso."
O jogo a que Yobo se refere é o confronto das oitavas de final diante da França, país onde ele defendeu o Olympique de Marselha na temporada 2001/02 e cujo ataque oferece novamente um grande perigo, agora por meio de Karim Benzema. "Acabamos de jogar contra o melhor atacante do mundo, então estamos prontos para encarar qualquer um", interrompe o africano, reforçando a resposta com um sorriso descontraído. "Não vejo por que ter medo. Acredito nesta equipe e acho que podemos vencer."
Esta será a 101ª partida do capitão da Nigéria, que finalmente começa a dar importância aos números. "Se não vencermos a próxima partida, não haverá a 102ª e assim por diante. Por que não chegar à 104ª partida ainda no Brasil?"
A Nigéria joga contra a França nesta segunda-feira (30), às 13h, no Estado Nacional de Brasília pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo 2014.
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