Por Meon Em Bananal

Bananal, aula de história no sopé da Bocaina

Município possui rico patrimônio histórico e natureza deslumbrante

Bananal -Fazenda Boa Vista bananal Foto Alesp.jpg

Sede da Fazenda Boa Vista, uma das mais ricas do período do café

Divulgação/Alesp

Localizada ao pé da Serra da Bocaina, Bananal já foi uma das mais ricas cidades do país. Na metade do século XIX era responsável por aproximadamente 50% da produção nacional de café. 

Bananal é um ponto obrigatório para aqueles que gostam de curtir e conhecer um pouco mais da história do Brasil.

O município ainda preserva alguns grandes casarões do chamado período da “Arquitetura do Café” em seu centro histórico e nas grandes fazendas que outrora abrigavam os poderosos Barões, como a dos Coqueiros e a Resgate.

Na área central da cidade, o roteiro passa pelo sobrado Aguiar Vallim (1860), o chafariz (1879 ), o coreto (1880) e a imperdível estação da estrada de ferro, construção de 1889, desativada em 1963.

Natureza
Mas Bananal é muito mais que turismo histórico.  Por sua proximidade à Serra da Bocaína, o município possui dezenas de cachoeiras e trilhas que passam por cenários cinematográficos. 

A mais famosa é a Trilha do Ouro na Mata Atlântica que faz o percurso das tropas de burros que carregavam o ouro de Minas Gerais até o litoral. Para fazer o percurso total, são necessários três dias de caminhada.

Bananal tem ainda uma estação ecológica que fica a 25 quilômetros do centro histórico. Com uma área de 884 hectares, o local abriga remanescentes da Mata Atlântica e animais ameaçados de extinção como o sagui da serra escuro, a onça parda, o cachorro do mato e aves como o gavião pega macaco, o gavião pomba, a aratinga, o jacu e o inhambu-açu. A Unesco declarou a estação como patrimônio da humanidade.

História 

A ocupação do Vale do Paraíba data do final do século 17 e início do 18, na época do Brasil Colonial, quando o ouro extraído de Minas Gerais, e depois de Goiás e Mato Grosso, passava pela região em direção ao porto de Parati, de onde seguiria rumo à Europa. 

Ao longo do percurso, foram aparecendo povoados que serviam de pouso para viajantes e tropeiros. Para facilitar a comunicação com o porto do Rio de Janeiro foi criada uma estrada, w aqueles que participaram de sua construção receberam como recompensa sesmarias. 

A área da estância de Bananal foi destinada a João Barbosa Camargo e sua mulher. Em 1783, o casal ergueu uma capelinha, em torno da qual cresceu um povoado. 

No início do século XIX, chegou à região a cultura do café, chamado de "ouro verde": as terras férteis e o clima propício da região atraíram grandes investimentos. 

A emancipação político-administrativa de Bananal ocorreu em 10 de julho de 1.832. 

O nome Bananal é tido como uma corruptela da palavra indígena "banani", que significa "sinuoso", termo indígena que designava o traçado em curvas do rio local. Outra versão relaciona-se com os numerosos bananais que havia na região. 

Em 1836 o segundo maior produtor de café de São Paulo era Bananal, que concentrava boa parte dos fazendeiros mais ricos do vale. A princípio, os lucros obtidos com o café eram aplicados na compra de escravos e ampliação da lavoura. 

Pouco a pouco as sedes de fazenda foram transformadas em palacetes, decorados com móveis e obras de pintores europeus. 

Além disso, famílias que moravam em fazendas distantes tinham casas na cidade para ocasiões especiais e festas. Lá sobrados luxuosos eram erguidos. Bananal chegou a ter duas bandas de música, formadas por escravos, especializadas em óperas europeias. 

Essa mudança de hábitos foi influenciada pela presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro e, mais tarde, pela criação do Império. O Brasil já não era mais colônia e a emergente e poderosa aristocracia rural passou a adotar o código de conduta, a maneira de morar, se vestir e se expressar da corte francesa, a mais influente da época. 

Em Bananal, os "barões do café" formavam a elite do Império. Com seu dinheiro depositado nos bancos de Londres, chegaram a avalizar empréstimos feitos pelo Brasil para a Guerra do Paraguai. Financiaram a construção da Estrada de Ferro Ramal Bananalense e trouxeram uma estação ferroviária inteira da Bélgica. 

Moeda Própria 

Bananal chegou a ter sua própria moeda particular e secreta, cunhada nos porões de uma fazenda local. As moedas, parte integrante da história regional, surgiram como única solução para a crise das moedas divisionárias nacionais e circulavam livremente de Bananal a Barra Mansa. No Rio de Janeiro, eram aceitas com desconfiança. 

Chafariz Bananal Foto Divulgação

Chafariz e coreto no centro de Bananal

Divulgação/GovSP

Queda 

Mas o período de prosperidade obtido com o ouro verde chegou ao fim, quando as terras começaram a dar sinais de exaustão e as lavouras cafeeiras começaram a ocupar o oeste paulista, cuja produção teve seu escoamento facilitado pela abertura da ferrovia Santos-Jundiaí. 

Também a abolição da escravatura, em 1888, enfraqueceu ainda mais a economia local, e as pastagens para criação de gado tomaram o lugar dos cafezais. Na década de 50, mais um golpe. 

A abertura da Via Dutra, rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, praticamente desativou a estrada dos tropeiros. As cidades da região se tornaram "cidades mortas", como escreveu Monteiro Lobato, que presenciou a decadência da região. 

Nos dias de hoje, com população estimada em 10.822 habitantes, Bananal atrai turistas não só para conhecer sua história de pompa e riqueza, cujos testemunhos são os belos sobrados da cidade e os casarões de suas fazendas, como também para desfrutar das belezas naturais da serra da Bocaina, onde fica a maior reserva brasileira de mata atlântica. 

Hoje é uma estância turística, histórica e ambiental que encanta com suas belas paisagens e sobrados coloniais, construídos por barões e comendadores, símbolos da nobreza de um período de glórias. A cidade também oferece muitas opções de passeios em meio a uma natureza exuberante, com trilhas e cachoeiras. 


Bananal Cachoeira-7-quedas- Foto Estacao florestal GOv SP

Cachoeira das Sete Quedas, em Bananal

Divulgação






Fonte: Portais da Alesp, IBGE e Prefeitura de Bananal 

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