O movimento Manguebeat surgiu na cidade do Recife em meados de 1991. A origem do nome vem da vegetação típica dessa região, o mangue, que se constitui como um ecossistema de transição, e a junção do vocábulo “beat”, do inglês, batida.
Na década de 90, Recife teve um crescimento urbano muito grande, que logo se tornou fragilidade: a cidade foi configurada como a quarta pior do mundo em qualidade de vida. Nesse contexto, surge o Manguebeat, como uma maneira de resgatar os ânimos da cidade, eletrizando-a com novas maneiras de se produzir cultura.
A origem do movimento tem-se com a publicação do manifesto “Caranguejos com Cérebro” por Fred Zero Quatro. Segundo Fred, em entrevista, o Manguebeat tinha por objetivo relacionar a diversidade do manguezal com a enorme pluralidade étnica da população pernambucana.
Logo depois, Chico Science, outro idealizador do movimento, forma a banda Nação Zumbi e lança o primeiro álbum intitulado “Da lama ao caos”. As músicas desse álbum, como por exemplo a produção “A Cidade”, retratam de maneira realista e dramática mazelas sociais como pobreza, fome, marginalização, que, segundo os autores, auxiliam na compreensão dos padrões organizacionais da cidade, numa espécie de provocação.
Abaixo, imagem do grupo Nação Zumbi. Ao centro, encontra-se Chico Science, pseudônimo de Francisco de Assis França Caldas Brandão, que morreu no ano de 1997. Hoje, a banda continua transmitindo o fervor do Manguebeat, sendo exemplo dos impactos na música brasileira deixados por Chico.
Sendo principalmente musical, o Manguebeat mistura os ritmos do maracatu, rock, forró, rap, funk, hip-hop, em uma espécie de sincretismo folclórico-regional pernambucano com a música pop internacional.
As temáticas das letras envolvem a preservação dos mangues e a construção de uma identidade cultural local, por isso a presença de abordagens amplas sobre o cotidiano da população, tornando o que seriam apenas situações corriqueiras em arte.
O Manguebeat deixou um amplo legado, em especial à cultura nordestina, criou identidade e linguagem própria à música da região, explorando as belezas regionais e se tornando um ponto de referência pop do Recife, que até hoje é motivo de grande exaltação pelos movimentos populares tanto fora como dentro da região.
Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Grupo Meon.
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