Sabe aquela parte "ouviram do Ipiranga as margens plácidas"? Você deve conhecer e saber que no dia 7 de setembro de 1822 Dom Pedro I, proclamou o grito de independência do Brasil as margens do Rio Ipiranga em São Paulo.
Mas o que fazia o então príncipe Dom Pedro I pelas bandas paulistas? Como foi esse trajeto, do Rio até São Paulo, pelo Vale do Paraíba e passando por algumas cidades como Pindamonhangaba e São José do Paraíba (hoje São José dos Campos)? Alguns fatos que marcaram o trajeto que fez o nobre jovem príncipe terminar como imperador?
Um trajeto marcado por seis intensos dias em que foram percorridos, 1,3 mil km, Dom Pedro teria vindo firmar alianças com fazendeiros, apaziguar o cenário e preparar terreno para a Independência do País. A vinda do príncipe para a chamada na época Província de São Paulo era tida como estratégica, já que para evitar a submissão do Brasil a Portugal ou a desfragmentação do território, Dom Pedro precisava se mostrar um líder capaz de realizar um plano ambicioso de independência de um território de proporções continentais.
Na época, o Vale do Paraíba era um dos motores econômicos do País e todos os que eram produtores de café prosperavam rapidamente. Ou seja: o Brasil era a terra ideal para firmar alianças. Concordamos que não deve ter sido nada fácil para o jovem príncipe, futuro imperador do Brasil enfrentar os diversos caminhos que os membros da elite pretendiam trilhar. As adversidades externas eram muitas, mas os brasileiros já não desejavam voltar a ser colônia de Portugal.
O príncipe e sua comitiva saíram da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro no dia 14 de agosto de 1822 e percorreram a cavalo, no primeiro dia de viagem, onze léguas (légua de 6.600 m), pousaram fazenda de Santa Cruz, residência de posse da família real, a oeste do Rio. Contavam com uma tropa de 30 homens e um roteiro pré-estabelecido, com paradas estratégicas ao longo da rota até a chegada em São Paulo. Entre eles, estava Francisco Gomes da Silva, também conhecido como o Chalaça ou a Sombra do Imperador. As próximas paradas eram anunciadas com antecedência, por meio de mensageiros que iniciavam suas viagens para os lugarejos antes da chegada da comitiva Imperial.
No dia 15, a segunda parada foi na fazenda da Olaria, lugar hoje que é submerso pela represa de Lajes - município de Rio Claro - RJ. Em 16, o príncipe regente entra em território paulista, em mulas e cavalos, vai para a fazenda das Três Barras, em Bananal.
Depois de passar por Bom de Jesus do Bananal e São João do Barreiro, dormiram em São Miguel das Areias, partiram com novos animais e com a guarda de honra formada por moradores do Vale. Passaram por Silveiras e jantaram no Porto de Santo Antônio da Cachoeira e, no dia 18, chegaram a Lorena. Local onde Dom Pedro por decreto dissolveu o governo provisório, assumindo efetivamente o governo da Província de São Paulo.
No dia 19, dormiu em Guaratinguetá, onde recebeu ótimas cavalgaduras para toda a comitiva, sempre mais numerosa, e vai rezar na Igreja de Aparecida. Em 20 de agosto, descansou em Pindamonhangaba.
Ainda em sua passagem por Pindamonhangaba, dom Pedro se hospedou no sobrado do monsenhor Ignácio Marcondes de Oliveira Cabral, irmão do então capitão-mor. A residência não existe mais. Lá muitos se ofereceram para integrar a comitiva, na chamada guarda de honra do príncipe, que há um monumento na praça central da cidade em alusão a este fato. Na Igreja de São José guarda um panteão onde estão enterrados todos os pindenses que integraram a guarda do nobre.
Daí em diante D. Pedro I ainda passou por algumas regiões dos Vale seguindo em direção a São Paulo, onde mais tarde, às margens do Rio Ipiranga proclamaria ‘Independência ou morte’.
No dia 21, em São Francisco das Chagas de Taubaté, foi recebido com grande entusiasmo e, no dia seguinte, chegou à vila de Nossa Senhora da Conceição do Rio Paraíba de Jacareí. Seguindo viagem Dom Pedro passou também pela vila de São José do Paraíba, cidade que hoje, em uma de suas avenidas leva o nome ‘Estrada do Imperador’, local em que o príncipe e toda sua cavalaria fizeram uma das paradas durante o trajeto.
Ele anulava a cobrança do imposto de laudêmio na redondeza já que aquela terra o serviu de hospitalidade, já que o imposto era repassado para a própria família Real. Esse imposto nulo ainda é valido aos dias de hoje. Algumas ruas e Avenidas da região onde ele passou também levam nomes que remetem a esse fato curioso, como a Rua Caravelas, Av. Dom Pedro I, Rua Dom João VI, Rua Padre Nobrega, entre várias outras.
Chegou, em 23, na vila de Santana de Mogi das Cruzes, mas essa vila se recusou a receber emissários do governo paulista dissolvido e da Câmara, nomeando governador das Armas de São Paulo o marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa.
Após percorrer 634 km em 12 dias no dia 24 de agosto, chegou a Penha de França, onde se hospedou por último antes de entrar em São Paulo. Na manhã de 25, participou de uma missa na capela de Nossa Senhora da Penha, logo após seguiu para a Capital.
Na Sé, assistiu, com sua comitiva, à solene ‘Te Deum’ e depois recebeu o beija-mão de autoridades e do povo. Além disso, permaneceu alguns dias na Capital e conheceu D. Domitila de Castro e Mello, a futura marquesa de Santos.
Acompanhava o Príncipe a comitiva, e foram testemunhas da proclamação da Independência do Brasil:
Luiz de Saldanha da Gama, veador (fidalgo) da princesa Real.
Guarda de Honra
1º comandante, coronel Antônio Leite Pereira da Gama Lobo
2º comandante interino, capitão-mor Manuel Marcondes de Oliveira e Mello, depois barão de Pindamonhangaba
Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade
Tenente Francisco Bueno Garcia Leme
Miguel de Godói e Moreira e Costa
Adriano Gomes Vieira de Almeida
Manuel Ribeira do Amaral
Benedito Corrêa Salgado
Francisco Xavier de Almeida
Vicente da Costa Braga
Fernando Gomes Nogueira
João José Lopes
Rodrigo Gomes Vieira
Bento Vieira de Moura
Flávio Antônio de Melo
Salvador Leite Ferraz
José Monteiro dos Santos
Custódio Leme Barbosa
Sargento-mor João Ferreira de Sousa
Cassiano Gomes Nogueira
Floriano de Sá Rios
Joaquim José de Sousa Breves
Antônio Pereira Leite
Sargento-mor Antônio Ramos Cordeiro, veio acompanhando o correio-real;
José da Rocha Corrêa
David Gomes Cardim
Eleutério Velho Bezerra
Antônio Luís da Cunha
Oficiais e criados da Casa Real
Guarda-roupa Joaquim Maria da Gama Freitas Berquó, depois Marques de Cantagalo;
Criado particular João Carlota;
Criado particular João Carvalho;
Criado particular Francisco Gomes da Silva, o Chalaça;
Pessoas particulares
Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão (de São Paulo);
Padre Belchior Pinheiro de Oliveira (de Minas Gerais).
Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.
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