Desenhos animados infanto-juvenis são uma das mídias de entretenimento mais importantes, já que grande parte de seus telespectadores são crianças que ainda estão formando seus valores, crenças e opiniões. Durante muito tempo, havia uma censura a conteúdos que “não eram adequados” para serem mostrados ao público infantil, mas ultimamente shows com personagens diversos estão sendo lançados e recebidos com muita aclamação pela comunidade online.
Quando Avatar: A Lenda de Korra foi lançado em 2010 poucos esperavam que a série seguisse sua HQ, onde a relação amorosa entre Korra e Asami (duas personagens femininas) é explícita e infelizmente estavam certos. A temporada final da série não foi exibida na TV, apenas no site da Nickelodeon e a “prova” de que eram um casal só apareceu na cena final quando seguraram as mãos uma da outra enquanto saíam de férias.
O show Hora de Aventura, também iniciado em 2010, teve seu final exibido no Cartoon Network em 2018 e mostrava um beijo entre Princesa Jujuba e Marceline durante a batalha final. Pistas sobre um antigo relacionamento entre elas estavam sendo incluídas desde a segunda temporada e a relação foi desenvolvida muito mais naturalmente do que Korrasami, ship do spin-off de Avatar.
Depois dessas séries, várias outras incluíram pessoas LGBTQIAP+ em seu elenco, como Steven Universo do Cartoon Network, She-ra: As Princesas do Poder da Netflix, Kipo e os Animonstros, também da Netflix e A Casa da Coruja da Disney. A audiência de todas essas séries alcança todas as idades e os fãs se mostram muito entusiasmados com as histórias nas redes sociais.
O motivo desses shows serem tão celebrados é porque durante muito tempo a única maneira que personagens não heteronormativos fossem incluídos era como vilões “disfarçados”, como Úrsula e Scar, ou piadas, como Pernalonga e He-Man. Como Rebecca Sugar, criadore de Steven Universo, disse em entrevista para o jornal Insider “Se você só pode existir como um vilão ou piada, quero dizer, é uma coisa muito pesada para ser exposto quando criança”. Rebecca é uma pessoa de gênero não-binário e bissexual.
Afinal, porque é tão importante que personagens LGBTQIAP+ sejam incluídos em desenhos infantis? Bem, todos precisam entender que não ser hétero é tão normal quanto ser hetéro - sejam crianças, adolescentes ou adultos. Uma criança que só é exposta a mídias heteronormativas cresce acreditando que esse é o padrão, o normal, e por isso tem mais dificuldade em respeitar um outro modo de amor. O que aconteceria se um jovem que nem sabe da possibilidade de que pessoas LGBTQIAP+ existam, comece a sentir algo por um colega de classe do mesmo sexo? Certamente ficaria confuso.
O contato com o assunto, o entendimento e conhecimento pode gerar empatia, ajudar a superar preconceitos e, se pessoas preconceituosas tivessem sido apresentadas a esse tópico previamente, seria mais fácil de compreender e aceitar que há beleza no diferente. Nada que alguém assista vai mudar como essa pessoa é ou se sente, o importante é que ela possa ter a possibilidade de assistir.
Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.
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