Querido vazio,
Por que nascemos?
Pois não me lembro de ter implorado de joelhos para Deus
Que me tirasse de seu berço e me colocasse nesse mundo cinza, desgastante e egoísta
Nem ao menos me lembro de como foi nascer...
Mas me lembro de minha mãe
Que todo almoço de domingo pegava uma caixa empoeirada e mostrava pra família
Mostrava aquelas fotos, e ah...
Que fotos
Uma mais vergonhosa que a outra.
Sem dúvida.
Querido vazio,
Por que sofremos?
Claro que a felicidade é consequência de um resquício de alívio depois de uma onda de tristeza
Mas qual o motivo do sofrimento do mundo?
Afinal, até posso ser ruim em matemática, mas, com tanto bilionário por aí, a fome estar no nível que está...
A conta não bate
Sem contar a poluição, a xenofobia, o racismo, a homofobia, a transfobia, a misoginia, o estupro, o feminicidio, o homicídio, o suicídio, a fome, a seca, a chuva que não é mais H2O E PONTO.
Lá se foi minha vontade de pensar
E...
Talvez a minha vontade de continuar
Seguir em frente com tanta coisa acontecendo?
Querido vazio,
Por que você existe?
Ou o certo é perguntar por que morremos? Por que existimos? Por que temos regras, padrões, discriminações? Por que, porque, porquê, por quê, POR QUEM?
Por quem estamos vivendo?
Hoje, eu me olhei no espelho e enxerguei um monstro
Ele tinha 2 braços, 2 pernas, 2 olhos, 2 orelhas, mas só 1 boca
E uma mesmíssima escolha
Esse monstro era eu
E era vazio
Querido, maldito, infinito, vazio
Depois de muito chorar, hoje sou eu
Quem procurou você
Porque foi só então que eu percebi
O vazio não é a resposta
É a pergunta.
Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.
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