Brasil, Brasilidade, Brasiliano, Brasiliense
Algo ao jeito de alien
Pairando para sempre a meio centímetro do chão real da América
Do centro da bruma da língua portuguesa
De onde veio o mulato, o samba, ou mesmo, o arroz com feijão
De onde saiu a miscigenação.
Brasil primeiramente é um nome
Nome que não nomina etnia, nem tampouco algum lugar
Nome oriundo de um produto de exploração
De Pindorama, à Vera Cruz, à Terra Nova, dos Papagaios
Vera Cruz, Santa Cruz
Ò Jesus!
Terra de Santa Cruz do Brasil, Terra do Brasil,
E finalmente... Brasil
Que de pau-brasil já não tem mais nada.
O país não é promessa significante
Exceto da extração de riquezas
Os recém-chegados nos 1500
Não tinham o mínimo espírito de acolhimento
Só queriam saber do enriquecimento
Da bravura lusitana de desbravamento
Veja o achamento!
Tudo isso em nome de Deus
E o povo que à Deus dará.
E é então que o país vira “nação”
Mesmo sem nenhum planejamento ou política de imigração
Vagas humanas grotescas
Ancoraram nessa aldeia burlesca
Tendo como único móvel
Encontrar o deleite econômico.
Assim, grupos de imigrantes
Tornam-se participantes
Mas permanecem como dessemelhantes
Nessa terra sempre obstante
E desse modo, surgem os vários “Brasis”
Chineses viram japoneses
Árabes se tornam ancestrais de indígenas
Italianos do Tirol acabam por austríacos
E nós nos geramos como todos eles
Ou como um pouquinho de cada um
Mas falta em tudo isso algo ao jeito de alma
mago, bojo, medula
Entretanto, o que sobra é entender que não existe apenas um
O coração do Brasil é mesmo a diversidade
Após gerações e gerações
Brasileiros continuam sendo estrangeiros
Isso tudo não é exótico só para os turistas
Mas também para nós que não temos simetria
Negociando a identidade nacional (Lesser)
(Viva o carnaval!)
Numa busca eterna por sair da alegoria.
Talvez sejamos só uma cara desfigurada
Nariz acima dos olhos que estão abaixo da boca
Nem brancos, pretos, amarelos ou vermelhos
Somos de todas as cores
Ou talvez, de cor nenhuma
Somos de todos os formatos
Ou talvez, sem formatação
Somos só um povo sem identificação,
Se identificando com todos os povos
E tentando dar um jeito na busca pelo ócio.
Daqui saíram Vinícius, Jobim e Chico Buarque
João Gilberto, Gil e Caetano
Rita Lee, Marisa e Djavan
Cazuza e Elis
Machado de Assis, Monteiro Lobato, Drummond, Cecília e Clarice
João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa e Verissimo
Também aqui nasceram Pelé, Ayrton Senna, Daiane dos Santos, Guga e Oscar(es) – Schmidt e Niemeyer
Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos e Nelson Rodrigues
Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari,
Di Cavalcanti, Hélio Oiticica, Lygia Clark e a Pape, Aleijadinho
Mônica Alvarenga e Guataçara
Múltiplos em histórias e concepções.
É aqui que se junta gaúcho com nordestina,
Churrasco com baião de dois
Se mistura o tchê com oxente
E só vê no que dá depois
Qual a identidade brasileira?
A verdade é que essa resposta não existe
Latinos, americanos, moradores do planeta Terra
Somos tipicamente multiculturais
Um povo de mil faces.
Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.
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