Com o advento das vacinas conta a Covid-19, crescem também as Fake News e a recusa, por muitos, em tomar a vacina.
Nesta entrevista, vamos discutir um pouco esse assunto com a professora Michele Ramos dos Santos, formada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Botucatu e docente da rede municipal de São José dos Campos.
1- Qual foi a importância das vacinas para a história da humanidade?
A descoberta das vacinas revolucionou a medicina, pois tornou-se possível a prevenção e controle de doenças infecciosas causadas por vírus ou bactérias em toda população, com a possibilidade de erradicação de doenças que chegaram a reduzir a população mundial a um terço. A partir do aprimoramento das vacinas, entre outros avanços da medicina, a espécie humana hoje tem uma expectativa de vida muito maior do que no início do século passado.
2- As vacinas são seguras?
Sim. Toda vacina em desenvolvimento passa por muitas etapas de pesquisa, nas quais participam comitês de segurança e ética que avaliam os riscos associados desde os estágios iniciais. Primeiro, as vacinas são testadas em tecidos humanos e animais. Após a confirmação da segurança e provável eficácia é que a pesquisa passa por etapas sucessivas de testagens em grupos de pessoas cada vez maiores. Além disso, mesmo depois de toda aprovação da vacina, os participantes da pesquisa continuam sendo monitorados.
3- Por que cresce o número dos negacionistas e daqueles que espalham falsas informações a respeito das vacinas?
Por falta de conhecimento e por questões políticas, muitas fake news avançaram nas redes sociais. Este movimento antivacina gera uma onda de medo na população e acaba por diminuir a cobertura vacinal. Isso é perigoso, pois quando um micro-organismo encontra hospedeiros que não foram imunizados, ele pode se propagar de forma incontrolável e doenças consideradas já erradicadas voltam a aparecer em surtos regionais.
4- Será que todos terão a oportunidade de ser vacinados contra a Covid-19? E os países pobres?
A princípio, não. Há várias vacinas em desenvolvimento, alguma em estágios finais de estudo e bastante promissoras!
Tivemos a recente notícia da aprovação da chamada “vacina de Oxford”, desenvolvida pelo Reino Unido. Porém, ela não será distribuída em quantidade suficiente para toda a população do planeta. Isso acontece, primeiro, pelos acordos feitos pelos países que financiaram ou colaboraram com as pesquisas, que devem receber as primeiras doses ou a tecnologia para fabricação. Além disso, por falta de estrutura para produção e armazenamento adequado (que pode exigir refrigeração a -70ºC, por exemplo), muitos países em desenvolvimento ficarão de fora dessa distribuição inicial e deverão contar com ajuda de países desenvolvidos.
Depois, há questões políticas dentro dos países, como no Brasil, em que ainda não há uma preparação ou plano estratégico pronto para iniciar a vacinação.
5- Será que com a vacina esta pandemia chegará ao fim?
É o que desejamos e é o grande intuito das vacinas! Mas, como todos os vírus, o SARS-Cov-2 sofre mutações constantemente. Serão necessários esforços de pesquisa permanentes para monitorar essas variações genéticas e adequar as vacinas periodicamente.
Ainda não sabemos por quanto tempo as vacinas protegerão a população. A boa notícia é que este novo coronavírus não parece sofrer mutações tão rápido quanto os vírus da gripe, que demanda vacinas anuais. Vamos torcer!
6- Considerações finais
O mais importante, quando se fala de vacinas e saúde pública, é entender que devem ser continuamente estudadas. A Ciência é essencial para detectar e evitar pandemias como esta. Isso só pode ser garantido com o apoio dos governos a instituições de pesquisa e valorização do SUS, que é nossa valiosa arma no combate à pandemia de Covid-19.
E o que cabe a nós, como cidadãos, é sempre procurar e divulgar fontes confiáveis de informação!
Parceria:
Com supervisão de Milena Peres, jornalista da Zan Comunicação, parceira do Grupo Meon.
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