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Apesar de NY e cessão onerosa, Ibovespa cai e perde os 96 mil pontos

O Ibovespa iniciou o dia tentando recuperar as perdas da véspera, quando caiu 1,11%, aos 96.291,79 pontos, amparado pelo clima relativamente tranquilo no exterior e pela sensação de que a reforma da Previdência está evoluindo após a aprovação ontem do relatório pedindo a admissibilidade total da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Entretanto, o sinal positivo não se sustentou e o principal índice da B3 passou a cair, perdendo os 96 mil pontos, a despeito da abertura em alta das bolsas em Nova York.

Além disso, a valorização das ações da Petrobras do começo do pregão mudou para queda. Analistas avaliam o acordo fechado na terça-feira pelo governo com a estatal para a cessão onerosa veio dentro do esperado, apesar de ser considerada uma boa notícia. "Não houve novidades, e não tem novidades no dia Previdência. Aproveita para realizar enquanto aguarda novas informações sobre a reforma", diz um operador.

Na terça-feira, o Ministério de Minas e Energia anunciou que a União fechou acordo com a empresa para pagar US$ 9,058 bilhões na revisão do contrato de cessão onerosa.

Às 11h26, o Ibovespa tinha recuo de 0,36%, aos 95.945,06 pontos. Contudo, no ano, acumula alta de cerca de 9,00%.

Para Luiz Roberto Monteiro, da Renascença DTVM, a aprovação da admissibilidade da PEC da Previdência é uma boa notícia, porém não elimina as incertezas com relação às dificuldades na articulação do governo para tentar aprovar a medida. "A CCJ é um ponto positivo em função de ter passado a admissibilidade. No dia 17, também não deve ter problema. O duro é quando chegar na Comissão Especial, pois não sabemos o quanto o texto será desidratado", afirma.

A despeito da evolução na CCJ, a reforma da Previdência é rejeitada por 51% dos brasileiros, conforme pesquisa Datafolha. O resultado não chega a surpreender por ser tratar de uma restrição aos direitos dos trabalhadores, observa em nota a MCM Consultores. Mostra, segundo a consultoria, que o governo precisa intensificar sua campanha de convencimento nos meios de comunicação. Além disso, acrescenta, reforçar sua mobilização no Congresso para garantir a maioria necessária à sua aprovação.

No exterior, uma notícia que agradou é a de que a produção industrial de fevereiro no Reino Unido subiu 0,6% ante janeiro, mais que o esperado. Entretanto, em entrevista coletiva, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que o ímpeto de crescimento mais lento vai continuar este ano. A afirmação foi feita após o BCE deixar suas principais taxas de juros inalteradas após concluir reunião de política monetária nesta quinta-feira, como era amplamente esperado.

No campo inflacionário, os investidores avaliam os dados do Brasil e dos EUA. Por aqui, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta a 0,75%, ante 0,43%, em fevereiro, superando o teto das expectativas de 0,67% da pesquisa do Projeções Broadcast. O avanço refletiu questões pontuais e, segundo analistas, não muda a estimativa de manutenção da Selic em 6,5% por ora. Já nos EUA, o CPI subiu 0,4% em março, ante previsão de 0,3%, enquanto o núcleo avançou 0,1%, menor que a previsão de 0,2%.

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