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Em discurso na ONU, Bolsonaro fala sobre vacinas, Amazônia e investimento estrangeiro

Brasil tem tradição em discursar na abertura do evento

Escrito por Meon

21 SET 2021 - 16H25 (Atualizada em 21 SET 2021 - 19H14)

Timoth A Clary / Pool

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (21), ao abrir a sessão de debates da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que o Brasil está trabalhando na atração de investimentos da iniciativa privada e que possui “tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo”. O presidente também fez diversas acusações à imprensa, a quem responsabilizou por “não dar notícias positivas sobre seu governo”.

Bolsonaro disse que o país está promovendo o modal ferroviário e outras ações dentro do seu programa de parceria de investimentos, e que já foram firmados mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. O representante do Brasil lembrou que, em agosto, o governo também instituiu um novo marco legal para o setor, permitindo que a construção de novas ferrovias seja feita por meio de autorização simplificada.

“Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados”, disse. “Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos”, complementou Bolsonaro.

Durante seu discurso, o presidente reafirmou o compromisso feito em abril na Cúpula de Líderes sobre o Clima, de alcançar, até 2050, a neutralidade zero de emissões de gases de efeito estufa no país, antecipando em dez anos a sinalização anterior, prevista no Acordo de Paris.

Os artigos 5º e 6º do Acordo de Paris, firmado em 2015, tratam de procedimentos financeiros para alcançar a redução das emissões, tema que deverá ser debatido na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia.

No evento, o Brasil quer buscar consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global, o que deve atrair mais investimento para o país. “Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes. O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo”, disse.


Covid-19

Ainda em meio à pandemia da Covid-19, esta edição da Assembleia Geral da ONU é realizada de forma híbrida, com declarações presenciais e por vídeo. No ano passado, o evento foi totalmente virtual. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a fazer um pronunciamento e o presidente Jair Bolsonaro optou por ir pessoalmente a Nova York.

Ele lamentou as mortes por Covid-19 e disse que o governo vai vacinar “todos que escolheram ser vacinados no Brasil” até novembro. O presidente se manifestou contra o passaporte da vacinação, que cobra imunização dos cidadãos para acesso a serviços. “Apoiamos a vacinação, contudo, o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina”, disse.

Durante seu discurso nas Nações Unidas, Bolsonaro também disse que o governo brasileiro apoia “a autonomia do médico na busca do tratamento precoce”, além de novamente divulgar remédios sem eficácia. “Eu mesmo fui um desses que fez tratamento precoce. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label”, disse.

O chefe de estado também responsabilizou governadores e medidas de lockdown pela inflação dos bens de consumo alimentício. De acordo com especialistas, a alta do preço nos alimentos é relacionado a fatores como a política da Petrobras para combustíveis, alta do dólar, questões climáticas e a agricultura, que é afetada diretamente por essas variáveis.


Fala sobre a Amazônia

Bolsonaro também falou sobre a questão ambiental na ONU. O presidente afirmou que seu governo tem trabalhado para a preservação da Amazônia, além de repetir diversas vezes que o Brasil utiliza somente 8% de seu território para a agricultura, o que não é um número exato.

“Tivemos uma redução de 32% no desmatamento da Amazônia no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?”, afirmou o presidente.

Em 2017, a NASA apontou que 7,6% do território brasileiro é utilizado para lavouras. Contudo, o levantamento não inclui questões como a pecuária, um dos principais responsáveis pelo desmatamento amazônico nas últimas décadas.


Manifestação do dia 7 de setembro

Na reta final de seu discurso, Bolsonaro relembrou os atos realizados no feriado do dia 7 de setembro, quando diversos de seus apoiadores encheram ruas ao redor do país para realizar protestos contra o sistema eleitoral – o qual Bolsonaro acredita ser inseguro –, contra ministros do STF (Superior Tribunal Federal) e, alguns, com pautas antidemocráticas como o fechamento do Congresso Nacional.

O presidente se referiu à essas manifestações como os maiores protestos da história do país, o que gerou controvérsias. Segundo a Polícia Militar de São Paulo, o ato reuniu cerca de 125 mil pessoas na cidade.

Segundo dados do Datafolha, o maior protesto de teor político realizado na capital paulista aconteceu em 2016, quando manifestantes foram às ruas pedir o impeachment da presidente na época Dilma Rousseff (PT).


* com informações complementares da Agência Brasil

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