Inadimplência das famílias brasileiras atinge recorde histórico

A inadimplência das famílias brasileiras atingiu um recorde histórico em setembro, alcançando 30,5%, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O número representa o maior percentual desde o início da série histórica, em 2010, e mostra o agravamento da crise financeira nas residências do país.

O levantamento aponta que quase um terço das famílias brasileiras está com pelo menos uma conta em atraso. Entre os endividados, 48,7% estão inadimplentes há mais de 90 dias, o que indica dificuldade crescente para renegociar e quitar débitos antigos.

Os principais fatores por trás desse aumento são os juros elevados, o custo de vida crescente e o endividamento acumulado nos últimos anos. Especialistas afirmam que o cenário é resultado da combinação entre a inflação persistente, crédito caro e renda estagnada, o que compromete cada vez mais o orçamento das famílias.

Além do número recorde de inadimplentes, a Peic também mostra que 78,4% das famílias brasileiras estão endividadas, seja com cartão de crédito, carnês, financiamentos ou empréstimos pessoais. O cartão de crédito continua sendo o principal vilão, representando 86,8% das dívidas — o que reflete a dependência desse meio de pagamento para o consumo básico.

Economistas alertam que, mesmo com a recente redução da taxa Selic, os juros do crédito rotativo e dos financiamentos continuam em níveis muito altos, o que impede que muitas famílias consigam sair do vermelho. A CNC destaca que a proporção de famílias que afirmam não ter condições de pagar as dívidas também subiu, alcançando 13%, o maior patamar desde 2020.

Para os analistas, a tendência é de recuperação lenta, já que o alívio no crédito depende de um cenário de juros menores e aumento da renda. Até lá, a recomendação é buscar renegociações com descontos e controle rigoroso do orçamento doméstico.

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