O Brasil está prestes a viver um marco histórico na mobilidade elétrica. Segundo projeções da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país deve ultrapassar 200 mil unidades de veículos eletrificados vendidos em 2025, somando modelos 100% elétricos e híbridos. O crescimento, que vem se intensificando desde 2023, revela uma transformação profunda no comportamento do consumidor e na própria dinâmica do setor automotivo.
Nos oito primeiros meses de 2025, o mercado registrou 126 mil emplacamentos de veículos elétricos e híbridos, 38% a mais que no mesmo período do ano anterior. O resultado mostra que a eletrificação deixou de ser uma tendência distante para se tornar uma realidade nas grandes cidades, e começa a avançar também sobre frotas corporativas e consumidores de médio poder aquisitivo.
Preço e infraestrutura ainda são desafios
Embora o movimento seja crescente, os carros a combustão ainda predominam no país. O preço inicial mais alto e a infraestrutura limitada de recarga seguem como barreiras à popularização dos modelos elétricos. Em contrapartida, os custos operacionais menores vêm se tornando um argumento decisivo.
Estudos do setor apontam que o custo por quilômetro rodado de um carro elétrico pode ser até 70% inferior ao de um veículo a gasolina ou etanol. Além disso, motores elétricos têm menos peças móveis, demandam menos manutenção e oferecem maior durabilidade. Para especialistas, essa equação deve consolidar o elétrico como a opção mais vantajosa no médio prazo, especialmente à medida que os preços de compra se tornarem mais competitivos.
Incentivos fiscais e crédito verde impulsionam o setor
O crescimento recente está diretamente ligado a políticas públicas e linhas de crédito voltadas à sustentabilidade. A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a isenção parcial ou total do IPVA em diversos estados são dois exemplos de medidas que tornaram o carro elétrico mais acessível ao consumidor final.
Nos últimos anos, o mercado financeiro também passou a desempenhar um papel estratégico. Linhas de crédito verde e empréstimo com garantia de veículo vêm ganhando espaço entre consumidores e empresas interessadas em adquirir modelos eletrificados.
Essa modalidade de crédito, em que o próprio automóvel é usado como garantia para reduzir juros, tem sido utilizada tanto para financiar a compra de veículos elétricos quanto para permitir a troca de modelos a combustão por versões mais sustentáveis. Além das taxas mais baixas, o formato oferece prazos maiores e menos burocracia, tornando-se uma alternativa viável para quem busca investir em um carro elétrico sem comprometer o orçamento.
Sustentabilidade em foco
Os impactos ambientais positivos são um dos principais motores dessa transição. O setor de transportes responde por cerca de 47% das emissões de CO₂ no Brasil, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). A substituição progressiva da frota a combustão por veículos eletrificados tem potencial para reduzir de forma expressiva esse percentual nos próximos anos.
Contudo, a cadeia produtiva dos veículos elétricos também impõe desafios ambientais, especialmente na extração de metais usados nas baterias, como níquel, manganês e cobalto. Um estudo conduzido pela WU Vienna University of Economics and Business, em parceria com a Fern e a Rainforest Foundation Norway, alerta que a expansão global da produção de baterias, sem práticas sustentáveis, pode levar à perda de até 65 mil hectares de florestas até 2050.
Para evitar esse cenário, especialistas defendem investimentos em reciclagem de baterias, pesquisa de novos materiais e economia circular. O Brasil, que possui reservas minerais estratégicas e experiência em biocombustíveis, tem condições de se posicionar como um dos polos globais de produção limpa, desde que adote uma política industrial de longo prazo voltada à sustentabilidade.
Mudança de comportamento e novas oportunidades
O avanço dos carros elétricos também reflete uma transformação cultural. Pesquisas da ABVE mostram que seis em cada dez consumidores brasileiros já consideram adquirir um veículo elétrico nos próximos anos, principalmente pelos ganhos ambientais e pela economia no uso diário.
Empresas, por sua vez, começam a incluir a eletrificação nas metas de ESG e nos planos de modernização de frotas. Grandes redes varejistas, operadores logísticos e prestadores de serviço veicular têm buscado soluções que combinem economia, imagem sustentável e eficiência operacional.
Além disso, a expansão da infraestrutura de recarga avança rapidamente. Já são mais de 5 mil pontos públicos de carregamento no país, número que tende a dobrar até 2026 com novos investimentos privados e parcerias público-privadas.
O futuro já começou
Com vendas recordes e uma rede de crédito e incentivos em expansão, a mobilidade elétrica deixa de ser um nicho e passa a compor a estratégia central do setor automotivo no Brasil. O desafio, agora, é garantir que essa transformação ocorra de forma sustentável e acessível, não apenas para grandes centros urbanos, mas para todo o território nacional.
Se as projeções se confirmarem, 2025 marcará o início de uma nova fase para o mercado brasileiro: a consolidação de um ecossistema onde tecnologia, sustentabilidade e inovação financeira, representada por modalidades como o empréstimo com garantia de veículo, caminham juntas rumo a uma mobilidade mais inteligente e limpa.
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