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Número de novas internações por Covid em SP é 15% maior do que no ápice da pandemia em 2020

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar do avanço da vacinação, os números de mortes e internações em São Paulo indicam que o estado passa pelo pior momento da pandemia de Covid-19.

O número de novas internações pela doença na última semana foi 14,7% maior do que na semana mais grave da pandemia em 2020, em julho, segundo dados apresentados pelo governo João Doria (PSDB) nesta segunda-feira (1º).

Em relação à semana passada, o número de novos casos está 9,7% maior, e de novas internações, 18,3%.

Com essa piora, o governo deve reativar hospitais de campanha (temporários), que devem ter focar leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e ser instalados em unidades de saúde já existentes, em um formato diferente do usado no ano passado. O anúncio oficial será feito na quarta (3).

Segundo o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, "a pandemia retornou com uma velocidade e uma característica clínica diferente daquela que nós observamos na primeira onda".

Se no ano passado mais de 80% dos pacientes internados eram idosos e pessoas com doenças associadas, hoje cerca de 60% têm entre 30 e 50 anos, muitos sem doenças prévias. "São pessoas que se sentem à vontade para sair, achando que vão perder apenas o olfato e o paladar, mas podem acabar perdendo a vida", afirmou.

Além da diferença de idade, as internações têm sido mais prolongadas. No ano passado, as internações em UTI correspondiam a 40% do total, e as internações em enfermarias eram 60%. Hoje esse número se inverteu: 60% em UTIs e 40% em enfermarias.

De acordo com Paulo Menezes, do centro de contingência da doença, o governo estuda criar uma fase ainda mais restritiva do que a fase vermelha do Plano São Paulo, onde só podem funcionar serviços essenciais. No sábado (28), Menezes havia falado em criar uma "fase roxa".

João Gabbardo, também do centro de contingência, afirmou que gestores de saúde do país estão enviando uma carta ao Ministério da Saúde pedindo uma coordenação dos esforços de combate à doença.

"O país inteiro está colapsando. Todos os estados. Não é mais possível que as medidas fiquem na responsabilidade apenas dos gestores estaduais, dos governadores e dos prefeitos. É impossível que a gente continue o enfrentamento dessa pandemia sem ter uma unificação de conduta", afirmou, dizendo que governadores não podem tomar medidas como fechamento de espaço aéreo, o que deveria ficar a cargo do governo federal.

Vacinação

O Instituto Butantan, responsável pela produção no país da Coronavac, principal vacina contra a Covid-19 em aplicação no Brasil, conseguiu adiantar a produção do imunizante e deve concluir até o fim de abril a entrega de 46 milhões de doses contratadas inicialmente pelo Ministério da Saúde. Outros 54 milhões de doses devem ser entregues até o fim de agosto, e não setembro, como previsto anteriormente.

Ainda neste mês de março serão mais 21 milhões de doses, 17% a mais que o previsto anteriormente, segundo o governo Doria.

Na próxima quinta-feira (4), chegam da China mais 8.000 litros de insumos suficientes para fabricar 14 milhões de doses de vacinas para todo o país.

Até esta segunda, 2.425.366 doses da vacina foram aplicadas no estado, 1.894.103 em primeira dose e 531.263 em segunda aplicação.

O governador João Doria exaltou o começo da vacinação de pessoas com mais de 80 anos no sábado (27) e afirmou que ela ocorreu "sem filas prolongadas, de forma eficiente e respeitosa em relação as pessoas" dessa faixa etária.

Reportagem do jorna Folha de S.Paulo, no entanto, mostrou filas de mais de cinco horas no drive-thru do estádio do Pacaembu, na capital.

Doria orientou que as famílias procurem outros locais de vacinação, como o Clube Hebraica e o Allianz Parque, que façam o pré-cadastro no site Vacina Já (não obrigatório, mas incentivado para agilizar o atendimento e ajudar o estado a se organizar) e que evitem a concentração no começo da manhã, período de maiores filas.

Leitos e seringas

O governo paulista também comemorou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de obrigar o Ministério da Saúde a voltar a bancar leitos de UTI nos estados. Em São Paulo, havia 5.112 leitos específicos para a Covid bancados pelo governo federal que haviam sido cancelados.

"Que tristeza termos que recorrer à Justiça para termos leitos de UTI pra salvar vidas. Isso já deveria fazer parte de uma coordenação nacional, independentemente de solicitação e muito menos de recursos judiciais", afirmou Doria.

O governador disse que deve judicializar também os gastos com seringas e agulhas, que têm sido bancadas pelo estado.

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