O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito. E a cada 40 segundos uma pessoa se suicida, sendo que 79% dos casos se concentram em países de baixa e média renda. Esses e outros dados fazem parte de um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta segunda-feira, 9, véspera do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro).
Quando olhamos para uma faixa etária ainda mais jovem - de 15 a 19 anos -, o suicídio aparece como segunda causa de mortes entre as meninas, após as complicações na gravidez, e a terceira entre meninos, depois de acidentes de trânsito e violência.
A OMS estima que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano - os números do relatório são referentes a 2016. No Brasil, foram registrados 13.467 casos, a grande maioria (10.203) entre homens, segundo a entidade.
Os números da publicação apontam que a taxa global de suicídio foi de 10,5 por 100 mil habitantes. Há diferenças quando se observa a renda dos países. Nos de média renda, o índice foi de 9 por 100 mil; nos de baixa, de 10,8 por 100 mil; e nos de alta renda, 11,5 por 100 mil - nesses, o número de mortes de homens foi quase três vezes maior que o de mulheres.
No período de 2010 a 2016, a região das Américas foi a única a apresentar crescimento da taxa global de suicídios. A alta foi de 6% enquanto a taxa global caiu 9,8%. A região do Pacífico Ocidental e do Sudeste Asiático também registraram queda de 19,6% e 4,2%, respectivamente.
Mais da metade dos casos de morte por suicídio no mundo (52,1%) ocorre entre pessoas com menos de 45 anos.
De acordo com a OMS, o número de países que têm estratégias de prevenção ao suicídio cresceu nos últimos cinco anos, desde a publicação do primeiro levantamento da organização sobre o tema, mas ainda é considerado baixo - são 38 nações.
A OMS cobrou ainda que os países melhorem a qualidade dos dados sobre o tema. Segundo a organização, apenas 80 dos 183 países-membros para os quais foram produzidas estimativas no ano de 2016 tinham dados de qualidade. Os problemas com os dados foram notados principalmente nos países de baixa e média renda.
Segundo o levantamento da organização, as principais formas de cometer suicídio foram: enforcamento, envenenamento com pesticidas e uso de armas de fogo. Restringir o acesso aos meios que podem ser utilizados para cometer o ato é uma das ferramentas para diminuir casos de suicídio, de acordo com a OMS.
Outras estratégias são identificação precoce de comportamentos, acompanhamento de pessoas em situação de risco e a criação de programas para ajudar jovens a lidar com os problemas que surgem ao longo da vida.
Pesticidas
A OMS destaca que o acesso restrito a pesticidas é uma medida que tem se mostrado eficaz para evitar casos de suicídio, tendo em vista que os produtos são altamente tóxicos e podem levar à morte quando não há antídoto ou serviços médicos próximos.
Um exemplo citado é o do Sri Lanka, que aplicou uma série de proibições que resultou em uma queda de 70% nos registros entre 1995 e 2015. Estima-se que 93 mil vidas foram salvas no período. Chamada oficialmente de República da Coreia, a Coreia do Sul também implementou medidas para proibir um herbicida relacionado à maioria dos casos de suicídio nos anos 2000. A proibição entre 2011 e 2012 reduziu pela metade o número de casos entre 2011 e 2013.
Sinais de alerta
Depressão causa tristeza profunda e pessimismo, sentimentos que podem culminar em comportamentos suicidas. Segundo o Ministério da Saúde, os sinais mais frequentes são irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo, cansaço fácil, e diminuição ou incapacidade de sentir alegria.
Há também outros comportamentos que devem ser observados, de acordo com o Ministério da Saúde: aumento de sentimentos de medo e baixa autoestima, dificuldade de concentração, perda ou alta do apetite e do peso, raciocínio mais lento e episódios frequentes de esquecimento.
Doenças
Pessoas com depressão podem apresentar baixa no sistema de imunidade, problemas inflamatórios e infecciosos. Dependendo da gravidade, a depressão também pode desencadear doenças cardiovasculares, como enfarte, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão.
Prevenção
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 9 em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas e a prevenção é fundamental. O assunto ainda é considerado tabu, e é fundamental que em momentos difíceis as pessoas consigam pedir ajuda para familiares, amigos ou um médico.
Setembro Amarelo
Este mês, o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza a campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. O CVV reúne 3 mil voluntários, que atendem gratuitamente por telefone, chat ou pessoalmente. Quem precisa de ajuda pode ligar para o 188 a qualquer hora do dia ou noite.
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