Investidores estão avaliando um resgate a bancos italianos em dificuldades, que estão sob o peso de empréstimos ruins, disse o ministro das Finanças da Itália, Pier Carlo Padoan, na noite de sábado. "Há um número muito limitado de bancos críticos que têm uma grande quantidade de empréstimos inadimplentes para os quais soluções de mercado estão sendo consideradas enquanto nós conversamos", disse Padoan, em entrevista nos bastidores da reunião dos ministros de Finanças do G-20.
Investidores estão pesando tanto uma recapitalização dos bancos em perigo, incluindo o Banca Monte dei Paschi di Siena, e uma aquisição do crédito ruim de empresas financeiras, assinalou outra fonte da delegação italiana.
Roma está lutando para evitar o colapso de seus bancos grandes em maior dificuldade, evitar uma venda com desconto extremo de empréstimos bancários ruins e evitar perdas forçadas para detentores de bônus, o que poderia prejudicar o já combalido setor financeiro italiano.
Os problemas da Itália não só financeiros. Dependendo de como o primeiro-ministro Matteo Renzi decidir lidar com o assunto, o governo corre o risco de uma reação política que poderia abrir a porta para as facções contrárias à União Europeia ganharem força no país.
As autoridades também estão lutando contra o relógio: na próxima sexta-feira, a Autoridade Bancária Europeia vai liberar os resultados de seus testes de estresse. Os testes podem expor toda a extensão dos problemas financeiros do país.
Embora o governo argumente que seus maiores bancos em situação de risco são solventes, a Itália pode ter de solucionar os problemas dos bancos e causar perdas a detentores de bônus seniores e juniores, uma situação que poderia provocar contágio mais amplo.
"Investidores têm boas razões para se preocupar com o desempenho dos bancos italianos", disse Megan Greene, economista-chefe da Manulife Asset Management. As previsões de crescimento da Itália são inferiores a 1%, e algumas estimativas duvidam da capacidade da economia para crescer. E o "crescimento da produtividade é ilusório, o investimento é insignificante, o desemprego continua persistentemente elevado e a Itália continua enfrentando saídas de capital", assinalou. "Tudo isso significa que os 360 bilhões de euros em empréstimos inadimplentes da Itália só vão piorar a partir daqui", disse Megan.
Padoan questionou esses números. "O impacto sobre os balanços dos bancos italianos de uma recessão prolongada é, no agregado, muito menor do que os números que estão circulando por aí", disse o ministro das Finanças. O presidente do Banco Central da Itália, Ignazio Visco, defendeu essa posição ante os chefes de finanças das 20 maiores economias do mundo em Chengdu, segundo Padoan.
O Banco da Itália diz que os 360 bilhões de euros devem ser divididos em dois tipos de empréstimos inadimplentes. O primeiro tipo consiste em dívida que não pode ser paga. O segundo tipo inclui dívida improvável de ser paga, vencida ou em violação dos limites de crédito a descoberto. Isso reduz a pilha de crédito ruim para cerca de 200 bilhões de euro, de acordo com o banco central. Mas os bancos já registraram perdas em mais da metade disso, e grande parte do restante da dívida está garantida, segundo o Banco da Itália. Isso significaria que as necessidades de recapitalização reais são inferiores à cifra de 40 bilhões de euros estimada por muitos analistas, de acordo com a fonte da delegação italiana. Fonte: Dow Jones Newswires.
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