Uma confusão entre os vereadores Felipe Piscina (DEM), Max Barros (DEM) e um médico chamou a atenção de toda população de Cachoeira Paulista nesta quarta-feira (24), na Santa Casa da cidade. Segundo os políticos, após uma série de denúncias de descaso, feitas pela população em geral no telefone de um deles, ambos se dirigiram à unidade de saúde e, ao chegarem no local, teriam presenciado diversas pessoas esperando atendimento há mais duas horas.
Inconformados com a situação, os dois teriam entrado no hospital e encontraram o médico plantonista, dormindo em uma sala de descanso. O profissional de saúde, de acordo com o vídeo, teria argumentado que estaria cansado por conta das longas horas de atendimento e que por isso, como previsto por lei, teria o direito de descansar.
Após a repercussão negativa do caso nas redes sociais e nos aplicativos de conversa, o vereador Felipe Piscina se pronunciou em um vídeo publicado na sua página do Facebook nesta quinta-feira (25). Nele, o vereador pede desculpas pela forma que falou com o médico, mas reitera que foi chamado pelas próprias pessoas que estavam na fila de atendimento e que nenhum funcionário da Santa Casa veio até ele para explicar a situação.
"Quando cheguei no Pronto Socorro as pessoas vieram até mim. Muitos falaram que estavam esperando há mais de duas horas. Quero esclarecer que não foi politicagem o meu ato. Eu realmente fiquei indignado com o que aconteceu, mas não queria causar tumulto. Eu queria ver, as pessoas que me criticaram, se fosse o amigo, pai ou filho de vocês naquela situação, se não ficariam da mesma forma. Não apareceu ninguém da enfermagem para me avisar o que estava ocorrendo. Quero pedir desculpa a todos que se sentiram ofendidos e ao médico, pela forma com a qual falei com ele", disse o parlamentar.
Já o outro vereador que estava no local, Max Barros, em conversa com a reportagem do Portal Meon, afirmou que não havia outro médico para atendimento da população no momento em que chegaram ao local. Segundo ele, o profissional só apareceu após a confusão que foi gerada.
"As pessoas estavam lá fora esperando e não tinha ninguém para realizar o atendimento. Quando chegamos ao Pronto Socorro era essa a situação. Só depois, após o início da confusão, das cobranças realizadas por mim e pelo vereador Felipe, um outro profissional apareceu e começou a pegar os prontuários das pessoas para atendê-las", afirmou o vereador Max Barros.
Em comunicado, a assessoria de imprensa da Santa Casa fez questão de ratificar o previsto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em que qualquer serviço contínuo, cuja duração exceda seis horas, torna-se obrigatória a concessão de um intervalo para repouso e alimentação de, no mínimo, uma hora. Além disso, de acordo com o artigo 8º, inciso 1º da Lei 3.999/61, a cada noventa minutos de trabalho médico, o profissional tem direito devido de um intervalo de dez minutos.
A instituição afirmou que tomará "medidas judiciais cabíveis" em relação ao ocorrido. Confira a nota na íntegra:
"Os médicos e todos os profissionais de saúde têm direito ao tratamento digno e boas condições de trabalho. Não pode, não aceitamos e não permitiremos tratamento vexatório e ameaçador por estarem na área de repouso, durante regime de trabalho de 12/24 horas de plantão, o que lhes é assegurado por lei. A Resolução Cremesp 90/202 estabelece que atividades em regime de plantão, os médicos devem dispor de condições que permitam pausas compensatórias e conforto. Também de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), dispõe que em qualquer trabalho continuado cuja duração passe de 6 horas, é obrigatório a cessão de intervalo para repouso e alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora.
A Santa Casa repudia o ataque dos vereadores Felipe Piscina e Max Barros, que deslancharam uma operação com objetivo único de constranger o médico em seu local de trabalho e no seu direito ao descanso. No momento em que a atividade médica torna-se ainda mais fundamental, é inaceitável qualquer forma de desrespeito às categorias que estão expostas aos riscos de contrair a Covid-19. Nossa assessoria jurídica está acionando as medidas judiciais cabíveis. Tenham mais respeito com os profissionais da saúde", finaliza.
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