A notícia da decisão pela cassação do diploma do prefeito de Canas Rinaldo Zanin (PDT), o Naldinho, na última terça-feira (24), colocou em pauta mais uma vez o futuro da pequena cidade. Acusado por abuso dos poderes político e econômico, aguarda notificação para deixar o comando do Executivo, enquanto seus advogados buscam brechas para reverter o processo.
Condenado a perder os direitos políticos por oito anos, Zanin já havia sido retirado da prefeitura no início do ano. Para o juiz Felipe Estevão de Melo Gonçalves, da 1ª Vara da Comarca de Lorena, em 2012, o prefeito propôs a criação de programa de auxílio-desemprego com objetivos eleitorais. Zanin é acusado de pagar de contas de água e luz de moradores, além de doar materiais de construção e passagens de ônibus, tudo com recursos da administração.
Na primeira cassação, a cidade chegou a ser administrada pelo presidente da Câmara, Lucemir do Amaral (PSDB). Desta vez, a decisão, no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, foi unânime, acatando parecer do juiz. Além do prefeito, o vice, Redmilson Artur Quintas (PT) também foi condenado. A Justiça tem dez dias para a publicação e notificação dos acusados. Até lá, Zanin e Quintas seguem no cargo.
O prefeito não foi localizado para comentar a decisão judicial. “Ele não se encontra. Tem que ver um horário. Não estive com ele”, relatou o chefe de Gabinete, Carlos Januzelli.
“Nos surpreendeu. É que são dois processos, com o mesmo objeto. O que não entendemos ainda é que esse é um pagamento feito desde 2001, ou seja, quarto mandato que se faz isso, desde o prefeito Rinaldo Zanin (pai de Naldinho), depois Valderez (de Lucena) e agora o Naldinho, com estudo social, mas agora veio o processo. Pelo que temos a notícia, nunca houve apontamento, até porque os moradores são carentes”, questiona Bruno Reginato, responsável pelo setor jurídico de Canas.
Reginato contou que o advogado responsável pela defesa de Zanin no caso, Alberto Rollo, já iniciou o trabalho para tentar reverter a decisão.
Prefeito por dois mandatos, Valderez de Lucena (PTB) rebateu as críticas do advogado. Ele frisou que durante os oito anos de governo, foram raras as vezes em que a prefeitura teve que auxiliar moradores com ajuda financeira.
“Está tudo no Portal do Cidadão. Foram quatro ou cinco vezes em que socorremos os moradores, mas não em ano eleitoral. Já ele (Naldinho) fez quase 300 pagamentos antes da eleição. Não foi só conta, pagou de tudo, até viagens para o Rio Grande do Sul”, diz.
Mudanças
Com a cassação de Naldinho e Quintas, Lucemir do Amaral volta à prefeitura até que uma nova eleição seja realizada, já que o atual prefeito foi eleito com mais de 50% dos votos. Em 2012, a votação que definiu a reeleição do candidato do PDT, foi a mais disputada da região. Naldinho contabilizou 1.574 votos contra 1.518 de Valderez de Lucena (PTB), uma diferença de apenas 56 votos.
A mudança leva o vereador Ademar Ligabo (PP) à função de chefe do Legislativo e a mesa administrativa passa a ser formada por Vitor Lopes (PMDB), primeiro secretário, e Lucimar do Amaral (PSD), como segundo secretário.
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