Pela primeira vez, o governo da China reconheceu oficialmente que a soja brasileira substitui os grãos norte-americanos em suas importações. A afirmação foi feita por um porta-voz do Ministério do Comércio chinês, destacando a crescente dependência do país asiático em relação ao Brasil para suprir sua demanda por oleaginosas.
A declaração ocorre em um contexto de intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Recentemente, a China impôs tarifas adicionais de 10% sobre a soja e outros produtos agrícolas norte-americanos, como retaliação às medidas tarifárias adotadas pelo governo do presidente Donald Trump. Além disso, foram suspensas as licenças de importação de soja de três empresas dos EUA.
Como resultado dessas ações, a demanda chinesa por soja tem se deslocado significativamente para o Brasil. Segundo dados da consultoria Cogo Inteligência, a China já origina em lavouras brasileiras quase 75% de toda a oleaginosa que compra. Especialistas apontam que essa tendência deve se intensificar, beneficiando o agronegócio brasileiro.
Analistas do banco Santander destacam que as tensões comerciais provavelmente levarão a China a obter mais grãos e proteínas do Brasil, potencialmente reduzindo a demanda por commodities dos EUA e os preços nos EUA, ao mesmo tempo em que aumentam a demanda e os preços no Brasil.
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Empresas brasileiras do setor agrícola, como a SLC Agrícola e a BrasilAgro, são apontadas como potenciais beneficiárias desse cenário. Segundo o Itaú BBA, qualquer demanda adicional da China pode resultar em exportações mais fortes do Brasil a preços mais altos.
No entanto, especialistas alertam que o impacto positivo para o Brasil pode ser limitado, uma vez que o país já é responsável por uma fatia significativa das exportações de soja para a China. Mesmo assim, a declaração oficial do governo chinês reforça a posição do Brasil como fornecedor estratégico de soja para o mercado chinês.
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