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Saúde mental: Pintura é usada como forma de terapia durante a pandemia

Com a quarentena, muitas pessoas desenvolveram distúrbios mentais e buscaram a arte para relaxar

Escrito por Caroline Corrêa

28 JAN 2021 - 16H15 (Atualizada em 02 FEV 2021 - 10H14)

Reprodução

A pandemia causou um aumento significativo em transtornos psicológicos, principalmente associados à ansiedade e depressão. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 12 milhões de brasileiros sofram com alguma doença mental.

A psicóloga e arteterapeuta, Marcele dos Santos Vieira, explica que as influências da pandemia nas doenças mentais ainda são avaliadas, mas já existem estudos recentes que apontam resultados de ligação entre a saúde mental e o coronavírus. “As mudanças na rotina, cenário econômico alterado, e os lutos (muitas vezes sem a possibilidade do ritual de despedida), também contribuem com o surgimento de quadros de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e outros”.

Em meio ao caos que o mundo vive, existem pequenos exercícios diários que podem ajudar na distração da mente. “Os momentos de lazer na rotina são imprescindíveis para a qualidade de vida e manejo da saúde mental. Buscar fazer atividades prazerosas, como ter ou desenvolver um hobby pontualmente, é uma maneira de ‘recarregar a energia’ e manter ativo o potencial criativo”, ressalta Marcele.

A arte, muitas vezes, se torna uma válvula de escape para repor a disposição. “Qualquer atividade que envolva arte é uma atividade potente para saúde mental. Seja a escrita, canto, modelagem, costura, teatro, e até a pintura, são atividades que promovem a possibilidade do resgate do potencial criativo, sendo um aliado no processo de autoconhecimento e conexão consigo”, explicou a psicóloga.

A pintura é um recurso milenar, que está entre os homens desde o tempo das cavernas, já foi usada como comunicação, mas se tornou arte. Marcele explica que há uma parcela da psicologia que utiliza a pintura como ferramenta de estudo. “Na arteterapia, as atividades que envolvem a pintura, podem auxiliar no processo das emoções, além de potencializar a criatividade”, diz.



Pensando em um antidoto para o estresse, o professor de artes, Márcio Carneiro, de 45 anos, criou um workshop para desenvolver a criatividade dos alunos em meio à natureza. “Com a pandemia, a gente pensou em criar um ambiente que pudesse ajudar as pessoas, já que neste período as pessoas ficaram mais estressadas, desalinhadas. Ai eu pensei em juntar as técnicas de pintura com meu conhecimento em neolinguística para ajudar na autoestima, na automotivação e unir isso com um cenário que ajuda a pessoa a entrar num estado de relaxamento”, conta. “É um antiestresse para o que estamos vivendo”, brincou.

O “Arte na Roça” nasceu na vontade de Carneiro de juntar o conhecimento em pintura, um ambiente tranquilo e uma boa comida típica. O workshop é oferecido em uma chácara no bairro dos Remédios, na zona rural em Taubaté. “As técnicas serão apresentadas em um salão da chácara seguindo todos os protocolos sanitários contra a Covid, mas as pessoas poderão levar seus cavaletes para outras partes da chácara como embaixo de uma árvore ou no rancho”, conta Carneiro.

Os alunos receberão aulas com técnica de tintas a óleo em quadros, além dos cafés da manhã e almoço com a temática caipira, que aumenta a vivência no ambiente. “Eu espero que as pessoas possam sair com um contexto de pintura dentro do aprendizado e que possa se distrair, visto que ultimamente nós estamos uma tensão emocional muito grande. O curso, o lugar e a metodologia vão trabalhar questões da arteterapia”, finalizou o professor.

Marcele explica que a natureza é essencial. “A natureza sempre nos ensina, ela é cíclica, se renova, se transforma, e transcende. Estabelecer uma rotina que envolva contato com a natureza, é extremamente positivo para auxiliar no processo de autoconhecimento”, comenta.


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Por Caroline Corrêa, em RMVale

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