Por Bruna Caroline Em RMVale Atualizada em 11 MAI 2020 - 18H57

Depressão na quarentena: como lidar

O momento é passageiro: “vai passar, como qualquer outra pandemia e evento nefasto, ruim, passou”, diz a psicóloga Andréa Leão

Arquivo/Meon/Reprodução
Arquivo/Meon/Reprodução
Psicóloga destaca que a quarentena nos coloca em isolamento físico, mas não deve ser em isolamento emocional


A depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas no mundo, podendo levar ao comportamento suicida. O momento de isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus pode agravar esses quadros. Por isso reunimos algumas informações para ajudar pacientes de depressão, familiares e a população em geral a lidar com esse momento.

A psicóloga Andréa Leão, em entrevista ao Portal Meon, conta que quem vive um quadro depressivo pode ter a situação agravada pela quarentena. "A própria mudança na rotina já traz impactos. Para uma pessoa que já tem depressão isso soma ao quadro dela. Então pode sim agravar, não necessariamente vai agravar, mas pode", relata Andréa. Ela explica que algumas atividades benéficas para esses pacientes, como a prática de atividades físicas em ambientes abertos e contatos físicos com pessoas ficam restritos no período. Da mesma forma, o comportamento suicida também pode ser agravado. Segundo a especialista, o período é de muitas incertezas que geram inseguranças e angústias.

Até mesmo quem não sofre de um quadro depressivo pode desenvolver um comportamento suicida durante a quarentena. De acordo com psicóloga, fatores como a perda de emprego, perda de renda financeira, quebra de negócios e ausência de perspectiva de melhora do quadro podem comprometer a saúde emocional.

Tratamento de depressão durante a quarentena

Andréa destaca que o tratamento médico deve continuar durante o período de quarentena, inclusive com o uso de medicamentos e terapias on-line. Ela explica que as atividades alternativas podem ser adaptadas, como por exemplo: em vez de caminhada ao ar livre, é possível assistir um vídeo de atividades respiratórias, relaxantes e meditação; as conversas com as pessoas podem ser por vídeos.

A família deve ficar atenta se o paciente está seguindo com o tratamento, evitar muitas conversas sobre a pandemia e focar em diálogos de esperança, explica a psicóloga. Procurar atividades que façam o paciente sentir-se útil, como voluntariado, também são importantes para o tratamento. "Fazer o bem faz muito bem para quem está em quadros depressivos, sentir que ele é capaz de fazer algo bom para o outro", relata a especialista. 

Três pensamentos para o período:

1. O momento é passageiro: “vai passar, como qualquer outra pandemia e evento nefasto, ruim, passou”.

2. “Se adapte”. A psicóloga orienta a listar as atividades que está sentindo falta e adaptá-las para o momento atual.

3. “Não se isole, não fique sozinho”. A especialista destaca que a quarentena nos coloca em isolamento físico, mas não deve ser em isolamento emocional.

Depressão e suicídio no mundo

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão no mundo. Sendo que o transtorno, em alguns casos, pode levar ao suicídio. Ainda segundo a OPA, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos.

Sinais de alerta para depressão e suicídio

De acordo com o Ministério da Saúde podem ser sintomas da depressão: humor depressivo, manifestado, entre outras coisas, pela sensação de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa e pensamentos suicidas; falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo; insônia ou sonolência; apetite diminuído ou aumento do apetite com maior interesse por carboidratos e doces; redução do interesse sexual; dores e sintomas físicos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia e sudorese.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, existem alguns sinais de alerta para prevenção do suicídio. Destaca-se, porém, que eles não devem ser considerados isoladamente. Alguns sinais de alerta são: o aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas; preocupação com sua própria morte ou falta de esperança; expressão de ideias ou de intenções suicidas; e isolamento.

Ministério da Saúde
Ministério da Saúde


O Ministério da Saúde lista ainda o que se deve fazer diante de uma pessoa sob o risco de suicídio:

- Converse com a pessoa, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.

- Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, como nos CAPS, Unidades Básicas de Saúde, UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro, Hospitais e Centro de Valorização da Vida – 188.

- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha.

- Se possível, assegure que a pessoa não tenha acesso a meios de provocar a própria morte.

- Mantenha contato com a pessoa e a acompanhe.


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