Por Moisés Rosa Em RMVale

Escola centenária em São José dos Campos é reformada por detentas

Se tivesse que pagar, escola teria que desembolsar mais de R$ 11 mil

O que antes era apenas uma sala de aula com poeira agora recebeu uma nova roupagem para recepcionar os 250 alunos no início do ano letivo. Em algumas horas de trabalho, as 23 detentas do Centro de Ressocialização Feminino de São José transformaram a centenária escola estadual Olímpio Catão, na região central, a mais antiga da cidade. As onze salas e a parte externa da unidade escolar foram repaginadas, deixando o verde de lado e adotando o azul como a atual cor das paredes.

A iniciativa faz parte de um projeto em que o Governo do Estado fornece parte da tinta e as presas entram com os serviços de pintura. Se fosse ter que arcar com os custos da “reforma”, a escola teria que desembolsar cerca de R$ 11 mil para a compra dos materiais, sem contar os gastos com a mão-de-obra. A reportagem do Meon acompanhou os trabalhos realizados pelas detentas.

Francine de Lima, 33 anos, está presa há um ano e cinco meses por ter assaltado um taxista na região central. Ela pegou cinco anos e quatro meses. O passado com marcas ela quer deixar de lado e investir em sua qualificação. “Foi uma loucura, me arrependo muito. Eu usava drogas e queria mais dinheiro para usar. Agora, quero investir em um curso de cabeleireira e na minha qualificação. Não quero mais saber dessa vida errada”.

Com o pincel na mão, apesar de nunca ter tido essa experiência, Francine contou que a oportunidade foi única. “É o primeiro ano em que participo e nunca tinha colocado um pincel na minha mão. A sensação em saber que as crianças vão gostar é muito boa”. “Quero ver tudo organizado por aqui”, disse a detenta se referindo à escola.

“É algo incrível. Antes de começarem os serviços na escola acontece o diálogo inicial, de forma muito respeitosa entre elas. Outra coisa que nos chamou a atenção foi a qualidade do serviço e elas deram um outro visual para a escola”, contou a diretora da escola Mariza Iunes Calixto.

Segundo a diretora do Centro de Ressocialização, Eliana Capostagno, o trabalho feito pelas presas na escola é multiplicador. As reeducandas que participam têm o direito de remissão na pena. A cada doze horas trabalhadas um dia é abatido da pena.

“O programa teve início no ano passado e está surtindo efeitos positivos. Isso vai multiplicando de forma boa para elas, para que galguem uma vida melhor”, explicou. As detentas também recebem certificado do curso pelo Via Rápida. A escola foi contemplada pela primeira vez no programa e a direção aprovou as mudanças. Além de São José, o programa também acontece em Pindamonhangaba, Potim e Tremembé.

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Parte externa da escola também foi pintada

Moisés Rosa/Meon

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